Estrela que nasceu logo após o Big Bang fica na nossa vizinhança

Por , em 6.11.2018

Astrônomos da Universidade Johns Hopkins (EUA) e da Universidade Monash (Austrália) identificaram uma das estrelas mais antigas já encontradas, que parece pertencer à segunda geração de estrelas criadas no universo.

Relativamente próxima à Terra, a descoberta pode significar que a nossa vizinhança galáctica é muito mais antiga do que pensávamos anteriormente.

Idade das estrelas

Os cientistas especulam que as primeiras estrelas que foram criadas após o Big Bang eram formadas principalmente de elementos leves, enquanto as posteriores ficaram mais metalizadas e pesadas.

As primeiras estrelas se iluminaram cerca de 13,6 bilhões de anos atrás – apenas 180 milhões de anos após o Big Bang, o que é um piscar de olhos na escala cósmica. Esta primeira geração teria sido composta principalmente de elementos leves como hidrogênio, hélio e uma pitada de lítio.

Através do processo de fusão, tais estrelas provavelmente criaram os primeiros metais pesados. Quando eventualmente explodiram, as supernovas resultantes teriam espalhado esses elementos pesados pelo cosmos.

Por sua vez, as próximas gerações de estrelas se formaram a partir dessas nuvens de material mais pesado. À medida que o ciclo se repete, cada geração sucessiva de estrelas tem um conteúdo de metal maior que o anterior, tornando a “metalicidade” um bom indicador da idade de uma estrela.

Nova estrela superpobre em metal

Até poucas décadas atrás, os cientistas pensavam que as primeiras estrelas estavam mortas há muito tempo, tendo queimado seus suprimentos de combustível e explodido.

Nos últimos anos, no entanto, os astrônomos identificaram cerca de 25 estrelas “pobres em metal” que estão entre as mais antigas conhecidas no universo. Todas têm aproximadamente a mesma massa que o sol.

A recém-identificada estrela antiga, chamada 2MASS J18082002–5104378 B, é bem menor – sua massa é apenas 14% a do sol. Tem também a menor metalicidade já vista, contendo aproximadamente a mesma concentração que o planeta Mercúrio.

Segundo os pesquisadores, isso significa que provavelmente vem da segunda geração de estrelas nascidas. Em comparação, o sol é um jovem surgido cerca de 100.000 gerações abaixo na árvore genealógica, contendo tanto metal quanto 14 Júpiteres.

Novos caminhos

A estrela em questão, de 13,5 bilhões de anos, não é a mais antiga que conhecemos. O que é particularmente estranho sobre ela é que pode ser encontrada no “disco fino” da Via Láctea, a região da galáxia que nós chamamos de lar. Isto sugere que esta área é três bilhões de anos mais velha do que se pensava anteriormente.

Essa descoberta significa que, no futuro, estrelas até mais antigas poderiam ser observadas nas nossas proximidades, incluindo alguma da primeira geração.

“As descobertas são significativas porque, pela primeira vez, conseguimos mostrar evidências diretas de que estrelas de baixa massa e muito antigas existem e poderiam sobreviver até os dias atuais sem se destruir”, explica um dos autores do estudo, Andrew Casey, da Universidade Monash.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Astrophysical Journal. [NewAtlas]

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