Uma estrela recém-descoberta está deixando os astrônomos confusos. Segundo a teoria vigente de formação estelar, a estrela simplesmente não deveria existir. Isso porque a estrela primordial, que está nas bordas exteriores da Via Láctea, não tem materiais suficientes que são considerados necessários para a formação de estrelas de baixa massa.
A estrela, com o complexo nome SDS J102915 172927, nasceu logo no início do universo. Ela se formou há 13 bilhões de anos (estima-se que o próprio universo tenha 13,7 bilhões de anos) a partir da morte da primeira geração de estrelas.
Uma análise da composição da estrela revelou que ela se formou de maneira relativamente rápida, após explosões de supernovas, mortes de algumas estrelas originais de curta duração.
Após o Big Bang – evento que se acredita ter dado origem ao nosso universo – o espaço estava inundado de hidrogênio e hélio, com traços de lítio. As primeiras estrelas que foram formadas criaram elementos mais pesados (chamados de “metais” pelos astrônomos) por meio de fusões nucleares em seus núcleos.
Então, violentas e explosivas mortes da primeira geração de estrelas espalharam elementos como carbono, oxigênio e nitrogênio em todo o universo, semeando as estrelas mais duradouras que vemos hoje.
Usando simulações e observações de outras estrelas de pequena massa, os astrônomos determinaram os níveis mínimos de vários elementos que seriam necessários para que uma estrela tivesse massa suficiente para se manter na gravidade. Mas a composição da estrela primordial descoberta pesa muito abaixo desses números.
Uma teoria de formação estelar afirma que uma estrela de pequena massa, como essa, não pode se formar se os metais e materiais forem menores do que uma determinada quantidade. De acordo com essa teoria, carbono e oxigênio são elementos necessários para resfriar o material, então o gás pode se colapsar em uma estrela.
Mas a estrela recém-descoberta não possui quantidade suficiente de nenhum desses dois elementos. Cientistas afirmam que uma estrela tão pobre em metais, sem um grande acréscimo de carbono e oxigênio, seria astronomicamente impossível de existir.
Na última década, cientistas vêm procurando estrelas extremamente pobres em metais, a partir de uma varredura do céu. Afinal, elas podem nos ensinar muitas coisas. As estrelas são relíquias antigas do universo primitivo, e a composição química delas é como o registro fóssil da composição do meio interestelar no momento em que foram formadas.
Apesar da estrela recém-descoberta ser incomum, os pesquisadores não acreditam que ela seja necessariamente um caso único. A intenção é de continuar examinando outros possíveis alvos com esperanças de encontrar outra estrela do tipo, para tentar compreender melhor a formação das estrelas.
Apenas alguns elementos pesados separam essa estrela das criações originais do universo. Pelo menos uma supernova primitiva deve ter fornecido uma pequena quantidade de elementos pesados a estrela.
Antes da descoberta, os astrônomos pensavam que estrelas como a SDSS J102915 172927 precisariam esperar mais tempo antes de se formar, para que mais mortes de estrelas supernovas pudessem fornecer elementos necessários. Mas a estrela recém-descoberta demonstra o contrário.
A nova observação mostra que, nessa composição química primitiva, estrelas de baixa massa já estavam se formando. A questão agora é entender quantas delas se formaram nesse cenário, o que também pode dar respostas sobre a evolução das galáxias. [LiveScience]