Não está em uma galáxia muito distante, e sim na nossa própria Via Láctea, e chama a atenção dos astrônomos: um conjunto de estrelas antigas, datadas da “infância” de nossa galáxia, apresenta uma série de densos elementos químicos que os astrônomos só esperam encontrar em astros muito mais jovens.
As investigações sobre o assunto foram feitas por cientistas da Universidade de Copenhague (Dinamarca), a partir de análises em um observatório no sul do Chile. Eles programaram os equipamentos para detectar, nas estrelas, elementos como ferro, ouro, urânio e platina, entre outros metais.
Foi descoberto, dentro do conjunto de estrelas “fossilizadas” na periferia da Via Láctea, que entre 1% e 2% desses corpos celestes são compostos por grandes quantidades de ferro e outros elementos. Ainda não se sabe, no entanto, o motivo dessas ocorrências, já que o senso comum indicava tais estrelas como portadoras apenas de gases, e não metais em abundância.
As teorias para explicar o fenômeno remontam às origens do universo. Logo após o Big Bang, elementos básicos como hidrogênio e hélio formaram nuvens e se aglomeraram por força gravitacional, formando as primeiras estrelas.
Depois de não suportarem a própria massa e explodirem nas chamadas supernovas, as estrelas se reagrupavam com elementos mais pesados, como carbono, oxigênio e nitrogênio. A cada nova série de explosões, com o passar dos bilhões de anos, elementos ainda mais pesados foram se aglomerando. Por isso, sempre foram atribuídos a estrelas mais jovens.
Para explicar porque algumas estrelas antigas fogem a essa regra e contam com metais pesados na sua composição, a teoria mais aceita é simples. Parte das supernovas (as explosões) não deram origem a estrelas totalmente novas, mas sim a estrelas híbridas, que absorviam elementos leves e antigos junto com os pesados e novos.
Dessa forma, o comum seria observar estrelas velhas com gases e astros jovens com elementos pesados, mas sempre houve algumas “mistas”. E as tais estrelas mistas, formadas desde o princípio, são hoje antigas e não perderam os metais pesados adquiridos nas supernovas.
Outra teoria, também debatida, afirma que o processo de “metalização” das estrelas não se deu na formação proveniente das supernovas, mas sim da sua consequência: a explosão. Quando toneladas de elementos pesados são dispersos pelo espaço a partir de uma explosão, alguns deles acabam infiltrando-se em estrelas antigas e mudando a sua composição, o que as faz tomar a forma que apresentam hoje. Uma análise mais profunda dessa tendência, conforme explicam os astrônomos, pode dar ideias mais detalhadas sobre a origem da Via Láctea e do universo como um todo. [LiveScience]