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Estudo descobre que astrologia não é melhor do que palpites aleatórios

Se você faz parte dos milhões de pessoas que consultam horóscopos para tentar descobrir o que o futuro reserva, há um alerta importante dos cientistas.

Os defensores da astrologia sustentam que o movimento dos astros e planetas pode influenciar e até prever a vida e o comportamento dos seres humanos.

Se essa teoria fosse correta, astrólogos experientes deveriam ser capazes de determinar a posição das estrelas no momento do nascimento de alguém, conhecido como “mapa astral”, apenas com base nas informações pessoais dessa pessoa.

No entanto, uma análise envolvendo 152 astrólogos mostrou que as respostas fornecidas por eles a esse tipo de teste eram tão precisas quanto simples palpites aleatórios e frequentemente mostravam discordâncias.

Apesar de aproximadamente 40% dos adultos nos Brasil acreditarem em astrologia, este estudo demonstra que não há evidências concretas para apoiar uma das poucas afirmações testáveis dessa prática.

Astrólogos afirmam que podem prever aspectos da vida e da personalidade de uma pessoa com base nos alinhamentos planetários no momento do nascimento. Um estudo recente revelou que eles não se saem melhor nessa tarefa do que alguém que adivinha aleatoriamente.

Muitos astrólogos contemporâneos alegam que o “mapa astral” – um registro da posição dos corpos celestes no instante do nascimento – pode ser usado para prever elementos da personalidade e da vida de uma pessoa.

Para submeter a astrologia a um teste rigoroso, o matemático Spencer Greenberg colaborou com a Clearer Thinking, uma empresa social dos EUA.

Em uma postagem no X (anteriormente Twitter), Greenberg explica: “Uma das alegações centrais da astrologia é que o mapa natal de uma pessoa contém informações relevantes sobre sua vida e caráter.

“Se isso fosse verdade, os astrólogos deveriam ser capazes de identificar corretamente o mapa de uma pessoa com uma taxa muito superior à adivinhação aleatória.”

Greenberg consultou seis astrólogos para descobrir quais informações seriam necessárias para elaborar o mapa astral de alguém.

Os pesquisadores decidiram verificar a afirmação dos astrólogos de que os mapas astrais determinam fatos sobre a vida de uma pessoa, solicitando que eles associassem uma descrição de uma pessoa ao seu respectivo mapa astral.

Com base nessas informações, os pesquisadores criaram um questionário e selecionaram 12 respostas para servir como base para o teste.

No teste, que pode ser experimentado através deste link, os participantes recebem informações sobre uma pessoa desconhecida e devem identificar qual dos cinco mapas astrais possíveis corresponde a essa pessoa.

Greenberg disse à New Scientist: “Nos perguntamos se podemos criar um estudo onde, se a astrologia estiver correta, isso se refletirá positivamente, e se a astrologia não funcionar, os resultados evidenciarão isso.”

Como um incentivo adicional, quem acertasse 11 das 12 perguntas receberia um prêmio de USD 1.000 (cerca de R$ 5.500,00).

Se a astrologia realmente funcionasse, astrólogos habilidosos deveriam ser capazes de associar uma pessoa ao seu mapa astral com uma taxa maior do que a aleatória. Isso significaria acertar mais de 20% das vezes.

No teste, os astrólogos não conseguiram responder às perguntas com precisão melhor que a aleatória e frequentemente apresentaram discordâncias entre si.

Dos 152 astrólogos que participaram do teste, mais da metade estava certa de que havia acertado pelo menos seis respostas.

No entanto, a média de acertos dos astrólogos foi de apenas 2,49 de um total de 12 respostas, o que seria esperado se eles estivessem apenas adivinhando.

Se a astrologia não fosse verdadeira, a distribuição dos resultados mostraria a maioria acertando cerca de 20% das respostas, alguns acertando mais e outros menos.

A comparação entre os resultados dos astrólogos e o esperado por adivinhadores aleatórios revela uma correspondência quase perfeita.

Greenberg afirma: “Os resultados são indistinguíveis da chance aleatória.”

Nenhum astrólogo conseguiu acertar mais de cinco perguntas corretamente, apesar de muitos acreditarem que seriam mais precisos.

A distribuição dos acertos dos astrólogos (em azul) corresponde quase exatamente ao que se esperaria de palpites aleatórios (em verde), sugerindo que a astrologia não é real.

Não era o caso de astrólogos menos experientes ou menos habilidosos estarem prejudicando os resultados.

Durante o teste, os astrólogos foram solicitados a classificar sua experiência, desde “pouca experiência” até “especialista de classe mundial”.

No entanto, mesmo com os astrólogos mais experientes prevendo maior precisão, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos.

Na verdade, os astrólogos que se consideravam especialistas tiveram desempenho ligeiramente pior do que aqueles com menos experiência.

Os astrólogos que participaram do teste também mostraram um nível muito baixo de concordância entre si.

Se a astrologia realmente capturasse detalhes científicos do universo, seria esperado que os astrólogos fornecessem respostas consistentes a esses testes.

Astrólogos com pouca e muita experiência tiveram sucesso igualmente baixo.

A única diferença entre astrólogos mais e menos experientes foi a confiança, sendo que os mais experientes estavam mais seguros de suas habilidades antes (em azul) e depois (em laranja) do teste.

Os 152 astrólogos que participaram do teste raramente concordaram em qualquer ponto, e mesmo o grupo mais experiente concordou apenas 28% das vezes.

Se todos os participantes estivessem adivinhando aleatoriamente, a expectativa seria uma concordância de 20%.

Greenberg diz: “Isso foi realmente surpreendente para mim. Sugere que a astrologia pode ser menos padronizada do que se imagina.”

Para muitos, a astrologia pode parecer uma distração inofensiva e não digna de estudo intenso.

No entanto, Greenberg argumenta que este tema merece tanta atenção quanto qualquer outro.

No X, Greenberg escreve: “Se a astrologia funcionasse, isso exigiria uma revolução na nossa compreensão científica de como o universo opera, uma vez que a física moderna não oferece nenhum mecanismo para explicar a astrologia.

“Por outro lado, se a astrologia não funcionar, isso também é muito importante, pois a astrologia é amplamente acreditada.

Em 2022, a indústria de serviços místicos, que inclui astrologia, leitura de tarô e leitura de mãos, foi avaliada em US$ 2,2 bilhões (£1,69 bilhões) globalmente.

Greenberg conclui: “Milhões de pessoas a utilizam para orientar sua compreensão sobre suas vidas, caráter e futuro.

“Se não funciona, elas estariam melhor buscando outras fontes de conhecimento e percepção.”

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