A ciência afirma: prever o futuro pode ser uma capacidade humana. Não, isso não quer dizer que os videntes de rua realmente conseguem ler a palma da sua mão, ou que se pode ver o futuro simplesmente se fechar os olhos e se concentrar. Mas uma nova pesquisa empírica sugere que o cérebro possui uma certa capacidade de perceber o que está por vir.
Sempre considerada uma pseudo-ciência ou uma sabedoria simples, a precognição – ou seja, a capacidade de não apenas prever, mas realmente perceber o futuro – está começando a receber um tratamento científico justo. A nova pesquisa mostra alguns resultados estatisticamente significativos, provenientes de uma série de experimentos que testam os poderes da mente humana de premonição e precognição.
A precognição é a percepção consciente de um evento futuro. A premonição é apreensão afetiva de um evento futuro. O pesquisador fala no estudo sobre “psi”, que significa “processos anômalos de informações ou de transferência de energia que não são explicados em termos de mecanismos físicos ou biológicos conhecidos”. Para tentar explorar e explicar a precognição e a premonição, o pesquisador conduziu nove experimentos em mais de 1.000 estudantes universitários.
A metodologia usada é consistente: ele usou uma resposta psicológica estabelecida para um determinado estímulo, e em seguida a “girou”, para que o estímulo viesse depois da resposta, assim ele poderia conferir se a resposta ainda seria a mesma. O resultado não foi surpreendente, mas foi estatisticamente significativo.
Por exemplo, em um experimento com 100 pessoas, metade homens, metade mulheres, o pesquisador usou um sistema informatizado, que rodava um jogo no qual duas cortinas eram exibidas na tela e os participantes tinham que escolher qual delas tinha uma foto por trás. Algumas dessas fotos tinham conteúdo neutro, e outras foram escolhidas aleatoriamente pelo computador a partir de um banco de dados de fotos eróticas e semi-eróticas.
Nos casos em que uma foto erótica estava por detrás da cortina, os participantes foram capazes de identificar exatamente o que havia ali com 53,4% de precisão – não é um aumento enorme de estatística, mas significativamente melhor do que a taxa de precisão de 50% esperada pelo acaso. As taxas de acerto não eram tão altas com as imagens neutras. Isto sugere que os sujeitos podiam, de algum modo, sentir os estímulos eróticos que os aguardavam.
Em outro experimento, o pesquisador reverteu o efeito de “mandar ao cérebro” uma imagem subliminar antes dos participantes identificarem uma foto como positiva ou negativa – o que faz eles entenderem a imagem mais rápido. O cientista descobriu que, se as mensagens subliminares fossem enviadas após, e não antes a imagem ser mostrada, os participantes ainda eram capazes de categorizar as imagens mais rapidamente, como se o cérebro soubesse que a sugestão subliminar viria, mesmo que não tivesse acontecido ainda.
Claro que não se pode declarar imediatamente que existe o poder de premonição e precognição como o vemos nos filmes. Mas, se os resultados forem replicados em outros estudos, poderão alterar a forma como os pesquisadores vêem o cérebro, a sua percepção de tempo, e as suas limitações.
O trabalho recente tem recebido pedidos de autorização para réplica, para que outros cientistas possam re-testar os experimentos e ver se os resultados batem. Caso isso aconteça, a ciência vai ter que repensar a forma como percebe a própria cognição. [POPSCI]