Os cientistas descobriram que poderiam apagar memórias de longo prazo em caracois, inibindo a atividade de uma proteína quinase específica chamada de PKM – as moléculas que modificam quimicamente as proteínas.
“Acredito que seremos capazes de alterar as memórias algum dia para reduzir o trauma de nossos cérebros”, comenta o autor do estudo, David Glanzman, professor de biologia integrativa e fisiologia e de neurobiologia da UCLA (Universidade de Los Angeles, Califórnia). O estudo aparece na edição de 27 de abril na Revista da Neurociência.
Pesquisas anteriores já haviam encontrado evidências de que algumas drogas podem deletar memórias ruins. O novo estudo, que lida com neurônios dos cérebros de caracois, poderia, eventualmente, ajudar no tratamento do transtorno de estresse pós-traumático, da dependência de drogas e, talvez, até da doença de Alzheimer e outros transtornos da memória de longo prazo, de acordo com Glanzman e seus colegas.
“Quase todos os processos que estão envolvidos na memória do caramujo também ocorrem na memória no cérebro dos mamíferos”, garante Glanzman.
Quando moluscos marinhos são atacados por um predador, a sua sensibilidade aos estímulos do ambiente sobe – uma “forma fundamental de aprendizagem que é necessária para a sobrevivência e é forte no caracol marinho”, explica Glanzman. Os neurônios associados a esse comportamento foram o alvo do estudo.
“Descobrimos que, se inibirmos a PKM no caracol marinho, vamos apagar a memória de sensibilização a longo prazo”, conta Glanzman. “Além disso, podemos apagar a mudança a longo prazo em uma única sinapse que está por trás da memória de longo prazo do caracol”. [LiveScience]