No primeiro estudo do tipo, cientistas tentam identificar a localização da maioria das espécies de plantas “desaparecidas” do mundo.
Mas como assim “desaparecidas”? Os ambientalistas estimam que mais 15% além das 336.000 espécies de plantas com flores do mundo ainda vivam longe dos holofotes da descoberta humana.
E a nova análise trouxe algumas surpresas. A boa notícia é que a maioria das espécies ainda não descobertas de plantas na Terra vivem em regiões que já recebem a maior parte dos esforços de conservação.
A má notícia é que, mesmo assim, esses lugares estão sob ameaça extrema. Eles não são apenas lugares com muitas espécies: são lugares onde a perda de habitat ocorreu ao extremo.
Esses lugares são chamados de “pontos de biodiversidade”, regiões definidas mais de uma década atrás como áreas ao redor do mundo que são lar de pelo menos 1.500 espécies não encontradas em nenhum outro lugar do planeta, e onde pelo menos 70% do habitat natural foi destruído.
Uma vez que essas “zonas de perigo” foram identificadas, as organizações de conservação do mundo todo se concentraram nelas como prioridade sobre outras áreas.
Apesar da prioridade de conversação ser esses lugares, o problema é ainda mais grave do que os cientistas pensavam. Isso porque essas espécies não identificadas vivem em um número relativamente pequeno em pequenos locais do globo, passando despercebidas.
Pense em um cardeal, um pássaro chamativo e abundante com um habitat amplo, contra um pequeno pássaro de cor cinzenta que vive em apenas um trecho de floresta no Equador – é muito mais difícil de encontrar, não?
Embora esse conceito de zonas de perigo tenha revelado áreas onde espécies identificadas estão ameaçadas, os ambientalistas ainda não conseguiram conhecer as espécies que restam no mundo – aqueles que nunca foram descritas.
A nova pesquisa foi uma primeira tentativa de quantificar esses desconhecidos conhecidos. É um dos maiores problemas da conservação: tentar descobrir o que continua desconhecido.
Prever onde essas “ainda a serem descobertas” espécies podem habitar não é fácil. A equipe de pesquisadores utilizou um modelo de computador que revelou onde a maioria dos “desconhecidos” vive: de fato, 70% das plantas vivem em seis regiões de muita biodiversidade da América Central, América do Sul, África do Sul e Austrália.
Eles também analisaram desde o início a tentativa da humanidade de classificar organismos vivos, começando em 1700, e seguindo o caminho de descoberta ao longo da história para chegar a suas projeções do número de espécies de plantas que existem realmente na Terra, e, assim, onde as plantas com flores mais “desconhecidas” devem viver.
É o primeiro modelo que reconhece que o processo de descoberta de espécies tem um elemento inerente à condição humana. Até coisas como guerras mundiais e outros tipos de distúrbios geopolíticos alteraram o número de espécies descritas, porque os humanos estão ocupados com outras coisas do que procurar flores novas.
Então, se há de fato mais de 50.000 espécies de plantas de floração na Terra que nenhum taxonomista jamais descreveu nas páginas de um livro, porque nós deveríamos nos importar? Por que é importante preservar essas espécies que nem conhecemos ainda?
Segundo os ecologistas, quanto mais sabemos sobre os ecossistemas e funcionamento deles, mais descobrimos que não sabemos de nada. Em face dessa incerteza imensa, parece muito importante que estejamos nos esforçando para saber pelo menos um pouco mais do que sabemos hoje.[LiveScience]