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Etanol, o natimorto [Opinião]

Quando eu estava na quinta-série, fazia uma experiência na escola em que separava a molécula de água em dois átomos.

Água é a fonte da vida e é usada para apagar incêndios. No entanto, divide-se em dois dos mais poderosos combustíveis que existem na natureza, o oxigênio e o hidrogênio.

Separar moléculas é muito fácil. No caso da água, basta o choque elétrico de uma pilha comum. A chamada eletrólise.

Eu sempre pensei: por que não existem motores movidos à água? Bastaria encher um tanque de água comum, que após uma eletrólise provocada pela própria bateria do carro, separaria o hidrogênio e o oxigênio, que serviriam para propulsionar o veículo.

Além de ser um produto extremamente barato e fácil de achar em qualquer lugar, bastando que se abra uma torneira, o resultado final da combustão do hidrogênio, por exemplo, seria exatamente… água de novo.

Nos anos 80, até ouvi falar em alguém que conseguiu fazer um carro movido à água, mas não se tocou mais neste assunto.

Ouvi falar também que Henry Ford não gostava de petróleo, por ser muito poluente, e queria fazer um carro elétrico. Ele iniciou o projeto, mas foi dissuadido em circunstâncias misteriosas, continuando a produzir carros movidos a petróleo.

A partir daí surgiram alguns projetos de carros solares, carros elétricos, mas sempre havia aquela queixa de que os melhores carros são mesmo aqueles movidos a gasolina, portanto ninguém conseguia inventar um carro melhor.

Quando surgiu o carro movido à álcool [etanol], esta foi a primeira alternativa mundial aos automóveis movidos a gasolina.

O problema é que o álcool era caro demais e precisou ser subvencionado pelo governo.

Parece que hoje não existe mais este problema. Tem gente produzindo etanol em todo canto e ninguém reclama da potência dos carros. Os Fórmula Indy correm a 360 km/h com etanol.

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Portanto, o tal “biocombustível” parece matar dois coelhos com uma cajadada só: resolve o problema de um combustível caro e não-renovável e resolve o problema ambiental, pois o etanol é menos poluente que o petróleo, embora também seja um tanto poluente. E além de um pouco poluente, não resolve o problema do efeito estufa, pois cada acelerada de Michael Andretti ou da sua vó que tem um fusquinha movido a álcool colabora para deixar o planeta um pouquinho mais quente.

Mas tudo bem: entre petróleo e etanol, ninguém tem dúvidas de que o etanol rala o petróleo fácil fácil em qualquer aspecto.

Mas e os carros elétricos, foram deixados de lado?

Em parte, a busca pelo carro solar parece infrutífera. A energia solar é cara e pouco eficiente. Existiria alguma alternativa à energia solar?

[Observação: estamos falando apenas em energia para impulsionar pequenos veículos, deixando de lado a energia para botar as cidades em funcionamento, como as energias hidrelétricas ou termelétricas como aquelas produzidas em usinas nucleares ou a carvão].

Desde o início do século XX, físicos quânticos acreditavam no que eles chamavam de “energia física”, sobrepujando a “energia química”, como o petróleo ou biocombustível.

Quando Einstein apareceu com seu E=MC², surgiu a bomba de fusão nuclear.

Poucas pessoas entendem a diferença entre fissão nuclear e fusão nuclear. Fissão nuclear é quando um átomo pesado tipo plutônio é dividido ao meio. A divisão do átomo gera uma quantidade enorme de energia, mas deixa resíduos. Portanto, a energia produzida a partir da fissão nuclear é muito barata, mas deixa resíduos que se dissipam na natureza após 500 mil anos. Sem considerar o perigo que uma usina nuclear representa. Por exemplo, se as usinas de Angra forem para o beleléu, levarão junto as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Já a fusão nuclear, como o termo indica, representa a fusão de dois átomos. Como acontece no Sol, onde o hidrogênio se funde para formar o hélio, gerando aquela energia toda que garante a vida na Terra. A energia de fusão nuclear é oito vezes mais potente que a de fissão nuclear e não deixa nenhum resíduo, por isto é chamada de energia limpa.

O problema é que ninguém ainda conseguiu construir uma usina de fusão nuclear, porque a energia produzida é tão forte que derreteria a usina. Alguém já conseguiu evitar que a energia resultante de fusão nuclear mandasse uma usina pelos ares, através de tecnologia avançada que poucos especialistas entendem. Mas isto resultou numa energia tão cara que ainda não vale a pena construir usinas de fusão nuclear em lugar nenhum. No entanto, as vantagens desta energia seriam tão grandes que muitos países estabeleceram um pacto para investir nesta pesquisa, inclusive o Brasil.

Porém, a pesquisa de energia física não termina com a fusão nuclear. Pois tem gente tentando produzir energia a partir de fusão de antimatéria. Esta energia ainda não foi produzida porque não há tecnologia capaz de produzir antimatéria em estado puro. Mas isto é uma questão de tempo. Mais cedo ou mais tarde algum nerd aparece com uma fórmula em que demonstrará a possibilidade de se obter energia a partir de antimatéria, assim como Einstein apareceu com seu E=MC².

Mas espere aí: eu não estava falando a respeito de energia para mover seu Fusca? O que usinas de fusão nuclear ou usinas de antimatéria têm a ver com isto?

Acontece que seria possível produzir energia física em pequenos compartimentos. Cada automóvel poderia tranquilamente comportar pequenos reatores de fusão nuclear ou antimatéria, num futuro distante. Mas todo futuro distante se torna logo presente. Um exemplo: submarinos nucleares. Um submarino nuclear custa o olho da cara. Porque seu objetivo não é utilizar energia não-poluente ou barata, mas sim ficar mais tempo debaixo d’água. É por isto que a energia nuclear em pequena escala fica restrita a uso militar.

Porém, com o advento da energia física, seria possível construir outros veículos movidos por este tipo de propulsão, pois os valores seriam baixos e estes veículos trariam poluição zero.

E mais: as usinas hidrelétricas, termelétricas ou termonucleares estariam com os dias contados, pois os reatores limpos e baratos seriam vendidos em supermercados, ao lado da seção de celulares. Um único reator de antimatéria geraria energia suficiente para manter uma residência funcionando por um ano seguido ou mais.

É por isto que digo que o etanol é um bebê natimorto. Estão gastando muitos recursos para investir em pesquisas e mais pesquisas sobre o etanol e o sonho do presidente Lula é botar etanol em todos os países do mundo. Etanol, não esqueça, com tecnologia brasileira, diferente do etanol norte-americano, que é mais poluente e menos produtivo.

No entanto, o presidente Lula [ou mais especificamente seus auxiliares] estão esquecendo que as pesquisas com energia física estão bastante avançadas. O Large Hallidron Collider, da Suíça, entre outros institutos de pesquisa, em breve poderão divulgar resultados que vão sepultar toda a energia química do mundo, seja a fissão nuclear, seja o petróleo, seja o etanol. Daí o Lula vai ficar com cara de tacho ao insistir numa coisa que pode ter os dias contados.

Por isto, eu acho que não apenas o Brasil, como os outros países, que querem se livrar do petróleo e das energias sujas, deveriam ficar bastante atentos a tudo que se pesquisa sobre obtenção de energia, em todas as universidades e institutos de pesquisa do mundo.

Até mesmo a energia química pode sofrer um golpe de um dos ancestrais do petróleo e do etanol, junto com o carbono: eu falo a respeito do hidrogênio. Agora é oficial. O hidrogênio como combustível saiu das salas de aula e começará a ganhar as ruas já a partir do próximo ano. Os japoneses tomaram coragem e enfim vão produzir automóveis movidos a hidrogênio em escala comercial. Hidrogênio obtido de onde? Da água.

Os homens que faturam bilhões e bilhões com petróleo e etanol já estão perdendo o sono. E qual será o resultado da substituição do combustível da frota mundial, num prazo curto? Que será feito destes bilhões investidos em etanol e petróleo, em um país como o Brasil, por exemplo, em que o governo vive a esquizofrenia de rodar o mundo falando das maravilhas e milagres do etanol, ao mesmo tempo em que a Petrobrás descobre campos gigantescos de petróleo semanalmente? Daqui a pouco vão anunciar que o Brasil tem a maior reserva de petróleo do mundo, mas esse petróleo não vai acabar servindo para nada ou quase nada, a não ser que se converta tudo em polímeros. Para quem não sabe, o petróleo, descoberto pelos mesopotâmios 5 mil anos atrás, é transformado em milhares de produtos. A roupa que você usa, o detergente que com que sua avó lava a louça, produtos farmacêuticos e até mesmo o silicone das celebridades. Tudo vem do petróleo.

A produção de etanol também pode ser adaptada.

Resolvidos estes problemas, vai sobrar apenas um. Aliás, o pior de todos.

Dê energia potente e barata para 7 bilhões de habitantes, e o que será do nosso planeta? O aquecimento global dará lugar à ferveção ou ebulição global. O planeta será transformado num inferno.

Que os nerds que sonham em vender baterias físicas ultra-poderosas, a preços iguais aos de telefones celulares, em supermercados, não se esqueçam disto.

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