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Evolução: a fofoca pode ter um papel protetor

Dizem por aí que ninguém gosta de ser alvo das histórias (verdadeiras ou não) que se espalham como fogo no celeiro: as famosas fofocas. Porém, um novo estudo sugere que a famigerada fofoca pode ter um ponto positivo. Segundo os pesquisadores, elas ajudam as pessoas distinguir seus amigos de seus inimigos.

”Chegamos à conclusão de que se trata de uma função protetora”, diz Eliza Bliss-Moreau, pesquisadora com pós-doutorado em Psiquiatria e Ciências Comportamentais da Universidade da Califórnia. “A fofoca nos ajuda a prever quem é nosso amigo ou inimigo sem experiência direta com essas pessoas”, completa.

Bliss-Moreau e seus colegas estudaram o impacto visual da fofoca. Os pesquisadores descobriram que nós prestamos mais atenção no rosto das pessoas sobre as quais ouvimos coisas negativas do que no rosto das pessoas sobre as quais ouvimos coisas positivas ou neutras.

“A partir da constatação, a ideia seria observar mais atentamente esses indivíduos de que ouvimos falar mal para podermos reunir mais informações sobre eles”, explica Bliss-Moreau. “Esse pode ser um mecanismo da nossa evolução para nos proteger de mentirosos e trapaceiros em potencial, pessoas à nossa volta que pode nos fazer mal”, adiciona.

A pesquisa sugere que a observação dos possíveis desordeiros por um longo período pode nos dar pistas se eles realmente são uma ameaça.

Os pesquisadores realizaram o estudo em torno de um fenômeno conhecido como rivalidade binocular. Isso acontece quando possuímos duas coisas distintas para olhar, o que cria uma rivalidade de atenção no nosso cérebro. A quantidade de tempo que você olha para cada imagem não é sempre controlada pelo seu consciente.

Para o estudo, os pesquisadores mostraram fotos de rostos aleatórios aos participantes enquanto descreviam coisas positivas, negativas ou neutras sobre a tal pessoa da foto.

Os comentários negativos incluíam informações como “jogou uma cadeira em seu colega de turma”. Os positivos seguiam a linha de “ajudou uma mulher idosa com suas compras”, enquanto os neutros não continham nenhuma informação relevante, como por exemplo “ultrapassou um homem na rua”.

Os participantes observaram duas imagens por vez: o rosto de uma das pessoas mencionadas anteriormente ou apenas a foto de uma casa. Só era possível olhar para uma das imagens de cada vez. Os cientistas perceberam que a maioria dos olhares se fixaram nos rostos associados às fofocas negativas.

Os resultados mostram que informações obtidas através de uma fofoca influenciam até a nossa visão. O que sabemos sobre alguém não só influencia como nos sentimos em relação à pessoa e o que pensamos sobre ela, como também direciona o nosso olhar.

“Se você ouvir boatos negativos sobre alguém e logo depois encontrar essa pessoa, é muito provável que você preste mais atenção ao seu comportamento”, exemplificam os pesquisadores. Fazemos isso porque após olharmos para o alvo da fofoca por um longo tempo e observar o seu comportamento, podemos descobrir se precisamos realmente nos proteger da pessoa ou não. [WebMD]

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