Quando Colton Burpo tinha 4 anos, sofreu uma parada cardíaca e foi reanimado durante uma cirurgia de emergência por causa de um apêndice rompido. Quatro meses depois, o menino começou a dizer coisas estranhas a seu pai, o pastor Todd, e sua mãe, Sonja, sobre sua experiência de quase-morte (EQM).
Tal acontecimento gerou o best-seller do New York Times “Heaven is for real” (Thomas Nelson, 2010), no qual Todd Burpo conta a história da viagem do filho para o céu. Segundo Colton, ele levantou-se da sala de operação, olhou para os médicos e seus pais orando, e flutuou para longe, ao céu, onde conheceu seu avô morto, sua irmã que iria nascer, mas que morreu em um aborto espontâneo, Jesus e Deus.
A julgar pelas vendas do livro, a experiência do garoto na sala de cirurgia foi um grande incentivo às crenças de muitas pessoas religiosas. Mas o que dizer sobre aqueles que não acreditam na ideia cristã do paraíso, mas que também não se sentem confortáveis em chamar um menino de 4 anos de mentiroso?
A questão é: existe uma explicação científica para o que aconteceu com Colton? Estudos recentes parecem mostrar que sim. Um deles, realizado por pesquisadores eslovenos, descobriu que as EQMs são bastante comuns. Cerca de 20% dos sobreviventes de ataque cardíaco relatam eventos tais como se mover em direção a uma luz brilhante, sentimentos de paz e alegria, ou profundas experiências espirituais.
Segundo o estudo, esse grupo de pacientes também apresenta níveis elevados de dióxido de carbono em seu sangue em comparação com pacientes que não tiveram uma EQM, uma condição que causa anóxia, ou privação de oxigênio no cérebro. Anóxia, por sua vez, provoca euforia, visões de túneis de luz, alucinações e outros sintomas típicos da EQM. Em outras palavras, é provável que a anóxia seja a causa dos fenômenos.
Porém, pode ser que esse não seja o fim da história, e um pouco de mistério permanece. Por exemplo, uma pesquisa que está estudando a EQM e experiências fora do corpo na esperança de aprender mais sobre a consciência e a relação entre a mente e o cérebro descobriu, em 2009, que pelo menos 10 a 20% das pessoas que foram trazidos de volta à vida dizem que estavam conscientes, e uma parte delas diz que foi capaz de ver os médicos e enfermeiros trabalhando como se estivessem os olhando de cima.
Segundo os médicos, em experiências de quase morte o cérebro da pessoa fica em estado crítico, de modo que a consciência não deve estar presente. Então, os pesquisadores estão testando a possibilidade de que a mente realmente se separe momentaneamente do cérebro durante a morte.
Eles iniciaram a colocação de placas com símbolos em unidades de terapia intensiva em 21 hospitais de todo o mundo. Os símbolos não são observáveis para as pessoas em leitos hospitalares, mas são visíveis a observadores que olharem de cima para baixo. Durante os próximos três anos, os pesquisadores vão recolher dados sobre os pacientes que tiveram “experiências fora do corpo”, para ver se eles relatam ou não terem visto os símbolos.
A partir disso, os cientistas esperam dar uma resposta definitiva para a questão dos fenômenos fora do corpo: serão eles reais, ou simplesmente alucinações provenientes de um cérebro privado de oxigênio? [LifesLittleMysteries]