A Terra, em sua longa história, já passou por cinco eventos catastróficos de extinção em massa, e agora os cientistas apontam para uma próxima tragédia. Liderados pelo Dr. Alexander Farnsworth, da Universidade de Bristol, pesquisadores sugerem que as futuras mudanças geológicas e climáticas podem criar um cenário insustentável para a vida. Em milhões de anos, a movimentação dos continentes deve unir toda a terra em um supercontinente chamado Pangea Ultima, desencadeando uma série de mudanças que poderiam transformar o planeta em um forno inabitável.
Dr. Farnsworth explica que essa fusão dos continentes trará um “impacto triplo” devastador. Três fatores principais contribuirão para o calor letal: o efeito de continentalidade, o aumento da intensidade solar e um acúmulo massivo de dióxido de carbono na atmosfera. O efeito de continentalidade isola regiões extensas dos efeitos refrescantes dos oceanos, enquanto a atividade tectônica e vulcânica, intensificada pelo movimento continental, pode liberar grandes quantidades de CO₂, piorando o aquecimento.
Essas mudanças resultariam em temperaturas médias entre 40 e 50 graus Celsius, com picos ainda maiores em algumas regiões. Nessas condições, até mesmo a umidade se tornaria um inimigo, impossibilitando que os seres vivos expelissem calor corporal pelo suor, o que é vital para a sobrevivência dos mamíferos.
Como a Humanidade Seria Impactada por Pangea Ultima
Além das temperaturas intensas, o cenário de Pangea Ultima seria árido, dificultando o crescimento de plantas e a disponibilidade de alimentos. De acordo com o estudo, apenas cerca de 8% a 16% da superfície terrestre ainda seria habitável para mamíferos, limitando as possibilidades de sobrevivência. A própria estrutura da vida terrestre, especialmente a dos mamíferos, poderia ser comprometida pela falta de água e de alimentos em uma Terra praticamente desértica.
Enquanto esse cenário parece distante, com uma previsão de 250 milhões de anos no futuro, Dr. Farnsworth e sua equipe veem a importância de entender o problema agora. Afinal, as condições climáticas extremas projetadas para Pangea Ultima soam como uma versão muito mais grave do que a atual Crise Climática — mas as lições aprendidas hoje poderiam ser cruciais para o futuro.
A História das Extinções em Massa: Lições do Passado
A Terra tem um histórico sombrio de extinções em massa, e cada uma delas oferece pistas sobre o futuro do planeta. A primeira, ocorrida há 443 milhões de anos, a Extinção Ordovícico-Siluriana, apagou cerca de 85% das espécies marinhas devido a alterações climáticas abruptas. Na segunda extinção, durante o Devoniano Tardio (360 milhões de anos atrás), vulcões e asteroides acabaram com 75% das formas de vida.
A mais devastadora de todas, a Extinção Permiano-Triássica ou “Grande Morte”, há 252 milhões de anos, foi marcada por erupções vulcânicas na Sibéria. Esse evento liberou tanto dióxido de carbono que o clima da Terra foi irremediavelmente alterado, resultando em acidificação dos oceanos e chuvas ácidas. O planeta perdeu cerca de 90% de todas as espécies.
A Terra também enfrentou a Extinção Triássico-Jurássica, há 200 milhões de anos, que matou metade das espécies, e a extinção mais conhecida, a Cretáceo-Paleógeno, há 66 milhões de anos, quando um asteroide devastador eliminou os dinossauros e grande parte da vida terrestre, criando a cratera de Chicxulub no México.
Esses eventos passados mostram que a Terra é resistente, mas a vida sofre com os extremos climáticos. Os cientistas acreditam que a extinção futura, provocada por um supercontinente e por mudanças climáticas intensas, pode ser tão brutal quanto as catástrofes anteriores.
Reflexão Sobre o Clima Atual: Um Alerta para a Humanidade
Enquanto um cenário apocalíptico ainda está a milhões de anos, o alerta dos cientistas foca no presente. Segundo a Dra. Eunice Lo, especialista em Mudanças Climáticas e Saúde da Universidade de Bristol, o atual aquecimento global é um prenúncio do que poderá ocorrer se as emissões de carbono não forem controladas. “Se continuarmos nessa trajetória, já estamos pavimentando o caminho para uma Terra inabitável.”
Estudos como este não pretendem apenas prever o futuro distante, mas reforçar a necessidade de ações urgentes para mitigar os impactos climáticos que já enfrentamos. Afinal, evitar um planeta em chamas — seja no futuro próximo ou em milhões de anos — requer consciência coletiva e medidas concretas.
O artigo foi publicado na Nature Geosciences.