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Finalmente descobrimos a causa da Covid longa: pesquisa

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Com o surgimento da COVID-19, muitas incógnitas surgiram sobre seus efeitos a longo prazo na saúde cerebral. Pesquisas recentes revelam que a infecção severa pode causar danos significativos no tronco encefálico, uma área crítica do cérebro que controla funções vitais como respiração e frequência cardíaca. Embora estudos anteriores já tenham indicado impactos na saúde mental, as especificidades dos danos cerebrais ainda estão sendo desvendadas.

O impacto da COVID-19 no cérebro

Estudos demonstraram que a infecção pelo SARS-CoV-2 pode levar a alterações notáveis no cérebro. Os danos podem incluir micro-hemorragias, alterações na substância branca e encefalopatias, que se manifestam como confusão mental ou perda de memória. A inflamação no cérebro, por sua vez, é uma resposta comum a infecções, e os cientistas estão explorando como essas mudanças estão interligadas a sintomas persistentes da COVID-19, conhecidos como covid longa.

Pesquisadores descobriram que 30% dos pacientes recuperados apresentaram alterações significativas na estrutura do tronco encefálico, particularmente nas áreas responsáveis pela respiração. Essa região do cérebro é crucial para regular funções autônomas que não controlamos conscientemente. Um estudo recente revelou que a gravidade da doença está diretamente relacionada à intensidade das alterações cerebrais observadas.

Danos cerebrais e inflamação: o que sabemos

Um estudo inovador utilizou tecnologia de ressonância magnética ultra-alta resolução (7T) para investigar os danos no tronco encefálico em pacientes que enfrentaram infecções severas por COVID-19. A ressonância magnética de 7T é mais sensível do que as máquinas convencionais, permitindo a visualização de mudanças microscópicas que passariam despercebidas em exames comuns. Essa nova abordagem revelou que o tronco encefálico dos pacientes hospitalizados apresentava anormalidades associadas à inflamação.

Os pesquisadores analisaram os cérebros de pacientes entre 93 e 548 dias após o tratamento hospitalar, comparando-os com um grupo controle que não tinha sido infectado. Eles notaram que regiões-chave do tronco encefálico, como a medula oblonga e a ponte, apresentavam anormalidades, sugerindo uma resposta neuroinflamatória significativa. Essas descobertas são consistentes com a ideia de que a COVID-19 pode causar alterações estruturais duradouras no cérebro, levando a sintomas persistentes.

Como o vírus atinge o cérebro?

O SARS-CoV-2 não precisa entrar diretamente no cérebro para causar danos. Ele pode infectar neurônios olfativos e, a partir daí, viajar pelo sistema nervoso central, que conecta o cérebro e a medula espinhal. Essa conexão pode facilitar a infecção de células cerebrais, levando a complicações que podem ser permanentes em casos de covid longa.

Embora a maioria das infecções não cause uma infecção viral direta no cérebro, a inflamação provocada pela infecção no corpo pode ter efeitos devastadores no tronco encefálico. Esse fenômeno pode explicar por que alguns pacientes relatam sintomas como fadiga extrema, falta de ar e dificuldades cognitivas mesmo meses após a recuperação inicial da COVID-19.

Sintomas persistentes e a busca por respostas

Os sintomas de covid longa variam amplamente, afetando a qualidade de vida de muitos indivíduos. Pesquisadores têm trabalhado para entender por que algumas pessoas experimentam esses sintomas persistentes, enquanto outras se recuperam completamente. A nova pesquisa sugere que a gravidade da infecção inicial pode ser um fator crucial, com aqueles que enfrentaram formas mais severas da doença apresentando maiores chances de experimentar sintomas prolongados.

Além disso, a equipe de pesquisa está ampliando suas investigações, analisando dados adicionais para descobrir se as anormalidades no tronco encefálico persistem ao longo do tempo. Essa compreensão poderá ajudar a desenvolver estratégias para prevenir ou mitigar os efeitos da COVID-19 no cérebro.

À medida que novas tecnologias de imagem se tornam disponíveis, há esperança de que pesquisadores possam explorar outros distúrbios neurológicos que envolvem inflamação no tronco encefálico, como a esclerose múltipla. Os avanços nas técnicas de imagem estão prometendo abrir novas portas para o entendimento das complexidades do cérebro e suas reações a infecções e doenças.

Essas descobertas sobre a relação entre a COVID-19 e os danos cerebrais, especialmente no tronco encefálico, não apenas expandem nosso entendimento sobre o vírus, mas também nos lembram da resiliência do cérebro humano diante de adversidades. Em meio a essas descobertas, a ciência continua a buscar respostas para um problema que, embora novo, se revela cada vez mais intricado.

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