Algumas pessoas podem cheirar mal, mas não por falta de banho ou de higiene. Problemas com o odor corporal, a princípio inexplicáveis, podem ser resultado de uma desordem genética rara, conhecida como “síndrome do cheiro de peixe”.
A doença, conhecida clinicamente como trimetilaminuria, é causada pela emissão de quantidades excessivas do composto trimetilamina (TMA). O TMA é produzido com a digestão dos alimentos ricos em uma substância chamada colina – incluindo peixes de água salgada, ovos, fígado e alguns legumes, como soja e feijão.
Os indivíduos com esse distúrbio produzem maus odores esporadicamente, apesar da boa higiene. Por isso, o impacto psicossocial que a trimetilaminuria causa pode ser grande, podendo gerar problemas psicológicos aos pacientes.
O diagnóstico da doença é difícil sem exames especializados, e é ainda mais complexo pelo desconhecimento do distúrbio por muitos médicos. O TMA em si tem um forte cheiro de peixe, mas apenas cerca de 10% a 15% dos pacientes com a trimetilaminuria tem um mau cheiro específico, o que também pode dificultar o diagnóstico.
A trimetilaminuria é causada por defeitos no gene FMO3, que dificulta a capacidade do organismo de metabolizar TMA e transformá-la em compostos sem odor.
Uma pessoa tem a doença deve herdar uma cópia defeituosa do FMO3 de ambos os pais, sendo que eles mesmos podem não ser afetados pelo distúrbio, mesmo sendo portadores.
Estudos no Reino Unido estimam que até 1% das pessoas brancas carregam uma cópia defeituosa do FMO3, sendo que alguns grupos étnicos do Equador e da Nova Guiné apresentam uma taxa mais elevada.
Poucos laboratórios realizam testes para essa doença, mas uma maneira prática de avaliar por sua própria conta se você tem ou não a síndrome do cheiro de peixe é evitando alimentos ricos em colina.
Se reduzir esses alimentos diminuir o problema, isso é um forte indício de que você é portador da doença, cujos sintomas podem ser diminuídos principalmente por meio da alimentação. [Reuters]