O furacão Rina marcou o sexto furacão na temporada especialmente ativa de furacões no Atlântico, que já viu o Irene provocar inundações devastadoras nos EUA. Um furacão geralmente não é boa notícia pra nós, mas para os moradores coloridos do fundo do mar, é uma excelente ideia.
Ponto para os furacões. Segundo novas pesquisas, desde que passem a uma distância segura, essas tempestades podem trazer águas mais frias das profundidades do mar que aliviam os recifes de coral sob ataque do aquecimento das águas e outras ameaças.
Segundo o ecologista de recifes de coral Derek Manzello, os corais vivem em águas que são quase demasiado quentes para seu próprio bem. Um aumento de temperatura de um mês de duração de apenas 1 a 2 graus Celsius já pode branquear os recifes.
Pólipos de coral, os organismos minúsculos que compõem um recife de coral, contêm algas fotossintéticas chamadas zooxantelas, que fornecem aos corais comida (e também sua cor).
O branqueamento dos corais ocorre quando as zooxantelas deixam o coral devido ao aumento da temperatura da água ou outros fatores estressantes. Assim, a estrutura do coral parece branca.
Sem meios de se alimentar, o coral branqueado têm problemas de reprodução e crescimento, e se o evento de branqueamento durar tempo suficiente, eles podem morrer. Mas quando essa tensão é removida, os corais podem se recuperar em cerca de um mês.
Como os oceanos continuam a aquecer devido às alterações climáticas, especialistas em corais dizem que eventos de branqueamento mais graves e mais frequentes devem acontecer.
“A mortalidade de corais devido à recordes de temperaturas quentes do mar têm levado pesquisadores a considerar o aquecimento global como uma das ameaças mais importantes para a persistência de ecossistemas de recifes de coral”, disse Manzello.
Os furacões parecem proporcionar algum alívio ao resfriar a água dos corais. Manzello e sua equipe de pesquisa descobriram que os ventos de todos os ciclones tropicais (um termo que engloba as tempestades tropicais e furacões) que passaram a 700 quilômetros dos corais na Flórida em 2005 baixaram a temperatura da superfície do mar circundante.
Em 2005, os recifes do Caribe sofreram um dos piores eventos registrados de branqueamento. Os recifes na Flórida, no entanto, se recuperaram mais rápido do que os recifes próximos, o que Manzello atribui aos furacões.
Quando um furacão passa, ele “puxa” a água fresca do fundo do oceano, um processo chamado ressurgência.
Um furacão pode destruir qualquer coisa dentro de 90 quilômetros do olho de sua tempestade. Porém, Manzello descobriu que quando um ciclone tropical chega tão perto quanto 400 quilômetros dos corais da Flórida, as temperaturas do mar baixam até 3,2 graus Celsius.
Outro estudo recente mostrou uma outra forma surpreendente como os furacões podem ajudar na recuperação dos corais. Quando os furacões se agrupam, vindo um após o outro (uma ocorrência comum no Caribe), eles são menos prejudiciais para a saúde dos recifes de corais a longo prazo do que eventos aleatórios.
Isso porque o primeiro furacão a atingir um recife sempre causa danos pesados, mas as tempestades que se seguem em rápida sucessão não acrescentam muito dano adicional, já que a maioria dos corais frágeis já foi retirada pela primeira tempestade.[OurAmazingPlanet, Foto]