Não deve ter sido muito difícil para Bertrand Piccard explicar para sua família porque ele gostaria de viajar ao redor do mundo em um avião usando apenas a luz do sol como combustível.
Na década de 1930, seu avô, o físico e inventor Auguste Piccard projetou diversos balões e bateu por duas vezes o recorde de máxima altitude em um deles. Voando a mais de 15 mil metros do chão, ele reuniu dados valiosos sobre a atmosfera da Terra ao longo do caminho.
O pioneirismo de seu avô em novas tecnologias para balões foram aplicadas depois para permitir a descida nas profundezas do oceano. O filho de Auguste, Jacques Piccard, oceanógrafo e engenheiro, fez história em 1960 com sua exploração no Challenger Deep, o lugar mais profundo do oceano.
Bertrand honrou sua família balonista e tornou-se o primeiro homem a circunavegar o globo em um balão, em 1999. Afinal, como toda a família, Bertrand Piccard também é aventureiro e inovador. Tanto que agora ele é capitão do que parece uma nave espacial de ficção.
Bertrand aplicou o espírito pioneiro de sua família para desenvolver o Solar Impulse, um avião movido a energia solar para voar ao redor do mundo e explorar de forma ilimitada o uso dessa energia renovável.
O sonho de Bertrand já está dando frutos. Em julho passado, o Solar Impulse se tornou o primeiro avião solar capaz de voar completamente através de um ciclo de luz natural.
O objetivo do balonista é um dia ser capaz de desenvolver um avião solar capaz de transportar vários passageiros. Andre Borschberg, que trabalha com Bertrand desde 2003, diz que por enquanto só é possível voar no Solar Impulse com uma pessoa a bordo. Vai demorar para que essas novas tecnologias permitam que os passageiros voem em grande escala sem produzir nenhum tipo de poluição.
Pesando 1,8 mil quilos – o que equivale a um carro de médio porte – o Solar Impulse foi projetado inteiramente para conservar energia. O pequeno avião utiliza aproximadamente a mesma quantidade de energia que o ilustre aparelho voador dos irmãos Wright, de 1903.
Seu sistema de propulsão é composto por quatro motores e um sistema de gerenciamento de calor projetado para conservar a temperatura em altas altitudes.
Quem sabe, no futuro, aviões como o Solar Impulse não sejam uma saída sustentável diante do crescimento do consumo da população que está deixando nosso ambiente cada vez mais frágil. [CNN]