Há muito tempo cientistas tentam encontrar uma maneira de prever desastres naturais. Todos já ouvimos falrs de animais se comportando estranho momentos antes de um terremoto, por exemplo. Cachorros latem muito, pássaros se unem em pequenos bandos, sapos fogemo das lagoas. E porque nós também não temos esse pressentimento?
Essa questão levou um grupo de físicos a estudar rochas e gases em experimentos de laboratório que imitam um terremoto. O que encontraram é incrível: as rochas quebradas produzem gás ozônio em um nível 100 vezes maior do que um dia poluído em Los Angeles, por exemplo.
“Mesmo a menor fissura na rocha produziu ozônio”, afirma um membro da equipe de pesquisa, Catherine Dukes. “A questão é, nós podemos detectar isso no ambiente?”.
Se a resposta for “sim”, o sinal de ozônio encontrado por Duke e seus colegas pode, talvez, algum dia ajudar a alertar futuros terremotos.
O grupo testou várias rochas ígneas e metamórficas – incluindo basalto, granito, gneiss e riolito, que juntas formam mais de 95% da crosta terrestre.
As amostras, quando chocadas, produziram níveis de ozônio entre 100 partes por bilhão (ppb) a 10 partes por milhão (ppm). Isso é muito maior do que o comum, indo de 40 ppb em áreas rurais a mais de 100 ppb nas urbanas.
Duke comenta que o motivo exato das rochas produzirem o gás é incerto, mas provavelmente ocorre devido a diferenças nas cargas elétricas entre as superfícies. Os elétrons carregados das superfícies rochosas quebram as moléculas de oxigênio do ar, que se recombinam formando ozônio. “São como mini trovões,” afirma Dukes.
Esse estudo é o primeiro a calcular os níveis de ozônio terrestre imediatamente após um tremor. Outros grupos já haviam encontrado um aumento do gás na atmosfera após grandes terremotos, mas não no solo.
Após o terremoto de 2010 no Haiti, o geofísico Ramesh Singh usou satélites para detectar o aumento do ozônio nos dias seguintes ao evento. Se isso aconteceu devido à quebra das rochas é incerto, mas a variedade de observações pode ajudar a desvendar os processos físicos.
Eventualmente, Dukes e o grupo esperam conseguir encontrar uma correlação entre os movimentos terrestres e os níveis de ozônio, colocando detectores do gás a nível terrestre (que são baratos e simples de usar), em áreas de atividade sísmica e baixo nível de ozônio no solo.
Dukes e Singh enfatizam que estudos como esses não pretendem prever terremotos. Na verdade, a ideia é explicar os processos físicos por trás desses fenômenos e outros acontecimentos naturais.
“Não há um modo de prever terremotos. Nunca poderemos dizer ‘achamos ozônio, agora você tem cinco minutos'”, afirma Dukes.”É apenas um modo de alertar que a Terra está se movendo e algo – um terremoto, um deslize ou outra coisa – pode acontecer”.[MSN]