Para muitas pessoas, o videogame é sinal de adrenalina, com cenas de combates, corridas e disputa. Não é o que pensa o guru Deepak Chopra, que acredita que um jogo sereno e pacífico pode ajudar as pessoas a aliviar o estresse e alcançar a harmonia interior.
Chopra passou os últimos três anos projetando “Leela”, uma experiência interativa que tem como objetivo ensinar aos jogadores como alcançar um estado de paz e se focar usando o antigo sistema de “chakras”.
O jogo, que estreia em novembro, foi criado para o sistema Kinect para Xbox 360 da Microsoft e para o console Wii da Nintendo. “Leela”, que significa “brincar” em sânscrito, incorpora 43 exercícios interativos que incidem sobre sete centros de energia do corpo, utilizando os ensinamentos espirituais e filosofias de Chopra.
A jogabilidade centra-se no movimento do próprio corpo para interagir com as imagens na tela, com uma trilha sonora relaxante ao fundo.
Aqueles que jogarem com Kinect usarão seus braços, pernas, quadris e cabeça para executar as tarefas de meditação, enquanto os jogadores de Wii usarão o controlador de mão.
Alguns exemplos: uma atividade de “raiz chakra” desafia os jogadores a moverem seus quadris de um lado para o outro em um planeta estéril para desencadear chuva e luz do sol. Outro jogo se concentra no “chakra do terceiro olho”, e exige que os jogadores girem sua cabeça para seguir um caminho através da tela do jogo. À medida que a cabeça gira, a tela gira.
Não há pontuações nos jogos, e os jogadores não têm de completar um nível antes de passar para outro desafio. Chopra só quer que as pessoas interajam com o jogo, cujos temas se correlacionam com seus ensinamentos.
Confira uma entrevista com o autor best-seller e palestrante de medicina alternativa:
O que o videogame tem, como forma de arte, que atraiu você?
Deepak Chopra: Videogames são viciantes e nós vivemos em uma sociedade que vicia. Pessoas são viciadas em seus BlackBerries, em seus computadores, e muitas crianças e adultos, incluindo mulheres, são viciados em jogos de vídeo. Então, eu queria explorar uma forma de usar os jogos não só como entretenimento, mas para aumentar a experiência de fluxo e maximizar a capacidade física e mental.
Qual é o próximo passo na exploração do espaço interativo?
DC: Eu gostaria de aproveitar o videogame no seu próximo nível evolutivo. Neste jogo em particular, “Leela”, temos monitoramento da respiração como uma das experiências de jogo. Temos 43 jogos no total, mas há um que lhe dá feedback sobre sua respiração. É inédito, e precisou de muita tecnologia, muitas falhas tiveram que ser removidas. A próxima fronteira é a medição da variabilidade da frequência cardíaca, que é o indicador mais sensível de estresse. Resistência galvânica da pele é um recurso que também deve ser adicionado em breve. E o melhor vai ser quando pudermos monitorar as ondas cerebrais em um jogo.
Que papel você vê na tecnologia, no que diz respeito a ajudar as pessoas a melhorar seu bem-estar mental?
DC: Eu acho que a tecnologia, da maneira como está se movendo agora, poderia provavelmente acelerar a evolução do cérebro humano para alguns meses (que, sem a tecnologia, levaria centenas de anos de evolução biológica).
Essa é uma afirmação estranha quando você a ouve pela primeira vez. Mas a tecnologia está se expandindo de tal forma que estamos tendo uma melhor compreensão de como a experiência molda a anatomia do cérebro, bem como todos os neurônios e a neuroplasticidade.
Há também o indeterminismo genético, que significa que seus genes ligam e desligam com base em suas experiências de vida, bem como o trabalho que está sendo feito em psicologia quântica. Tudo isso indica que suas emoções, seus relacionamentos, seu senso de realização e sua finalidade de significado na vida diária influenciam a maneira como seu corpo funciona.
A tecnologia é uma nova fronteira, e estou totalmente interessado em ser parte deste movimento.
Quais são seus pensamentos sobre o papel do videogame hoje na sociedade?
DC: Sabemos que os videogames são mais populares do que o cinema, por isso sei que tem algo aí. Acho que é porque eles são interativos e muito mais divertidos do que ser um observador passivo. Vamos ver muita evolução nos jogos ainda.
O que lhe anima mais quando se trata do papel que a tecnologia irá desempenhar no nosso futuro?
DC: Hoje, a capacidade da tecnologia duplica a cada ano. Há muito tempo atrás, eu conversei com Peter Guber, que costumava ser a figura mais importante da Columbia Pictures, e brinquei com a ideia de “dirigir” sonhos.
Às vezes, as pessoas têm os sonhos mais incríveis. Se você pudesse aprender a ver os seus sonhos, e influenciá-los, coreografá-los, e se tornar o diretor e roteirista deles, as implicações seriam incríveis. E se houvesse um jogo de videogame para fazer isso, teríamos uma forma completamente nova de contar histórias. Eu quero ser capaz de fazer isso um dia.[CNN]