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Câncer e hidratantes: Estudo chega a resultado alarmante

Quatro hidratantes comuns aumentaram o aparecimento de câncer de pele em estudos científicos.

Os estudos foram realizados em ratos. Mas a descoberta inesperada sugere que estes (e talvez outros produtos) podem não ser tão seguros quanto pensávamos.

Em um estudo sobre câncer de pele relacionado ao sol, a aplicação freqüente dos produtos resultou em mais tumores e tumores de crescimento mais rápido. Pesquisadores afirmam que estes resultados foram inesperados, pois não imaginavam que haveria atividade cancerígena nestes produtos.

O estudo seguinte do grupo tinha o objetivo de utilizar o Dermabase em humanos para aplicar cafeína de maneira tópica, pois ela preveniu o câncer de pele em estudos com animais. Portanto eles pensaram que seria prudente testar se o hidratante isoladamente para verificar se ele não teria uma ação protetora contra o câncer. Para a sua surpresa o resultado foi exatamente oposto.

Isto os levou a testar tanto o Dermabase quanto outros três hidratantes, que eles esperavam poder utilizar em testes em humanos com cafeína. Para estes novos estudos em animais os pesquisadores utilizaram ratos sem pelos que sofriam irradiação de luz ultravioleta duas vezes por semana, por 20 semanas. Se mais irradiações os ratos desenvolveram câncer de pele; de maneira muito similar a humanos quando há excesso de exposição ao sol nos primeiros anos de vida.
Em seguida, durante cinco dias da semana, por 17 semanas, os pesquisadores esfregaram o hidratante na pele dos animais. O Dermovan aumentou o número de tumores em 95%, o Dermabase em 69%, o Vanicream em 58% e o Eucerin em 24%.

Segundo os cientistas a pergunta milionária seria: E em humanos? E a resposta é desconhecida. O estudo apenas alerta sobre a necessidade de que epidemiologistas estudem as pessoas que estão usando cremes hidratantes. Segundo eles, as empresas que fabricam estes produtos deveriam fazer estudos em animais para descobrir se seus produtos são cancerígenos.

Os hidratantes em si não causaram o câncer nos animais. Isso foi conseqüência da exposição à radiação no começo de suas vidas. Mas os cremes fizeram que os tumores aparecessem mais cedo e progredissem mais rapidamente. Isso pode significar que o uso de tais produtos pode tornar o câncer mais fatal.

E o câncer de pele está mesmo cada vez mais comum em humanos. É o tipo de tumor responsável por mais que a metade de todos os outros tipos de câncer

Mas o que promove câncer nestes produtos?

A equipe de cientistas pediu para a Johnson & Johnson fazer um creme customizado sem dois ingredientes que já foram conectamos com irritação da pele (lauril sulfato de sódio) e aumento de tumores (óleo mineral). Este creme não aumentou as chances de câncer.

Mas nem todos os produtos testados utilizavam exatamente estes ingredientes, portanto não se sabe exatamente o que pode estar ligado ao câncer. E é óbvio que a pele humana e dos ratos é diferente, porém o animal é considerado um bom análogo.

O estudo foi publicado na edição de 14 de agosto da edição online da revista Journal of Investigative Dermatology. [WebMD, eFlux, Foodconsumer]

Atualização:

Thiago Colleti, um porta voz da Aché no Brasil, escreveu para a nossa redação para enfatizar o fato de que os ratos possuíam predisposição genética para o câncer. Mas é uma prática comum utilizar ratos geneticamente modificados para poder estudar efeitos específicos em diversos organismos.

Ele também citou que “relacionar os resultados obtidos em testes animais com humanos requer a análise das diferenças entre as espécies”. Apesar de ratos serem bons análogos da fisiologia humana e a experimentação em roedores sempre uma das etapas iniciais para diversos estudos, não há garantia de que o mesmo efeito acelerador dos tumores ocorra em humanos.

Thiago também citou que “a metodologia adotada nos testes, não [foi] compatível com modelos cientificamente aceitos ou validados na investigação de questões toxicológicas, geralmente exigidos pela comunidade científica mundial” mas falhou em detalhar suas críticas. A revista que publicou o artigo pertence à revista Nature, uma das publicações científicas mais respeitadas no mundo.

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