Ratos expressam alegria, porcos sentem esperança e macacos têm senso de justiça. “Emoções estão em todos os lados no reino animal, do peixe aos pássaros aos insetos, até nos moluscos como o polvo”, diz o pesquisador de comportamento animal Frans de Waal em seu novo livro Mama’s Last Hug (Último abraço de Mama) estará disponível para venda a partir do dia 19 de março em inglês.
Barbara King, professora de antropologia e especialista em personalidades de animais da Faculdade de William e Mary (EUA), teve acesso à uma cópia antecipadamente e comentou o material.
O livro é dedicado à Mama, a matriarca de uma colônia de chimpanzés no zoológico Burges, na Holanda. Mama era uma ótima negociadora que exercia grande influência nos outros membros de seu grupo.
Em 2016, com quase 59 anos de idade, Mama estava prestes a morrer. Um biólogo que havia trabalhado com ela por 40 anos mas que não havia a visitado recentemente, Jan van Hooff, apareceu para se despedir.
Quando van Hooff se abaixou em direção à chimpanzé, Mama colocou a mão em sua cabeça. “Ela fez um cafuné gentilmente. Seus dedos acariciaram ritmicamente a sua nuca e pescoço”, relata Waal. Normalmente nenhuma pessoa deve se aproximar desta maneira de um chimpanzé, porque eles são incrivelmente fortes e têm personalidades voláteis. Mas Mama estava dizendo a ele que estava tudo bem.
Veja abaixo o emocionante encontro entre Mama e van Hooff:
Mama morreu uma semana depois da visita, e virou o argumento central de Waal em seu livro, defendendo que o ser humano não é único no que se refere às emoções. Outros animais também têm emoções.
Alguns dos exemplos apontados por Waal são um chimpanzé jovem que coloca um rato morto em cima de um familiar que está dormindo. A vítima da pegadinha acorda e reage com nojo, gritando e se sacudindo para tirar o rato de cima dele. Animais de todos os tipos, dos caranguejos aos coiotes brigam com outros e depois celebram quando vencem o conflito. “O orgulho vem de uma longa herança evolutiva”, diz Waal.
Claro que as emoções dos animais são um pouco diferentes das nossas. Waal nunca viu um primata adolescente com vergonha de seus pais ou um elefante preocupado com o seu peso. Nossas emoções podem ser expressadas de uma forma única para os humanos, mas as emoções não são característica exclusiva dos humanos.
Waal não tem paciência para acusações de antropomorfismo, a ideia de que nós meramente projetamos nossas emoções em outras espécies. Ele se preocupa com a negação de que nós temos muitas similaridades com outros animais, e como isso afeta a forma que os tratamos, especialmente o gado, porcos e frangos.
Waal acredita na distinção entre emoções e sentimentos. Segundo ele, as emoções são estados mentais e físicos que podem ser detectados por outros, enquanto sentimentos são estados internos subjetivos que não podem ser percebidos por outros. “Qualquer um que diga que sabe o que os animais sentem não tem a ciência para apoiá-lo”, alerta Waal.
Com este livro e suas descrições sobre emoções dos animais, Waal contribuí o tratamento ético de animais. [National Public Radio]