Como as habilidades físicas diminuem com o envelhecimento, muitas pessoas pensam que os idosos são menos capazes de realizar jogos mentais. Uma nova pesquisa indica que isso talvez não seja verdade para todos os desafios: em alguns momentos os idosos conseguem completar desafios usando suas “partes jovens”.
Tanto os cérebros jovens quanto os velhos levam um bom tempo para tomar decisões em algumas situações, porque escolhem conscientemente ter mais precisão ao invés de rapidez.
“Muitas pessoas pensam que é natural o cérebro dos idosos ficar mais lento com a idade, mas estamos descobrindo que não é sempre assim”, afirma o pesquisador do estudo, Roger Ratcliff. “Pelo menos em algumas situações, pessoas nos 70 anos de idade respondem em tempo similar àquelas em seus 25 anos”.
Jogos cerebrais
Os pesquisadores estudaram o desempenho de pessoas de diferentes idades em uma bateria de testes cognitivos, que incluía falar o número de asteriscos na tela (pouco ou mais de 50) e identificar linhas formadas por letras ou não.
O estudo adicionou jovens aos testes, da escola fundamental até a universidade. Os cientistas descobriram que os mais novos diminuem a velocidade para realizar tarefas de decisão, e ainda acabam tendo resultados piores do que os grupos mais velhos. “Crianças jovens não conseguem fazer bom uso da informação apresentada, então são menos precisas”, afirma Ratcliff. “Isso melhora com o amadurecimento”.
Indivíduos com 60 anos ou mais também tiveram respostas mais lentas para as tarefas, mas os pesquisadores descobriram que ao invés de apenas demorar mais para seguir o mesmo processo dos jovens, os idosos levaram mais tempo para garantir que iriam acertar. Eles até podiam ser treinados para responder mais rápido algumas tarefas de decisão rápida sem errar, similar a adultos jovens.
“As pessoas mais velhas não querem errar, e isso os faz diminuir a velocidade. Nós descobrimos que é difícil tirá-los desse hábito, mas eles podem conseguir com prática,” comenta o pesquisador do estudo Gail McKoon. “Para tarefas simples, a velocidade de decisão e precisão ficam intactas mesmo com 85 e 90 anos de idade”.
Memória e idade
Alguns desafios de memorização tendem a declinar com a idade. “Se você olhar para as pesquisas do envelhecimento, elas mostram que os mais velhos não perdem nos resultados, mas sofrem quando o assunto é velocidade”, afirma Ratcliff.
Pesquisas anteriores demonstraram que uma capacidade mental chamada de “memória associativa” – relembrar duas memórias conectadas – diminui com a idade. Mas ainda existe esperança para outros exercícios mentais. Os pesquisadores sugerem que nem todo o poder cerebral diminui da mesma forma.
“A antiga visão era de que todos os processos cognitivos diminuíam na mesma velocidade, com a idade”, comenta Ratcliff. “Estamos vendo que não é tão uniforme assim. Existem algumas coisas que os mais velhos podem fazer quase tão bem quanto os jovens”.[LiveScience]