Um caminho vasto de lixo que abrange uma enorme área do Oceano Atlântico há muito intriga cientistas, particularmente porque a concentração de plástico no local não aumentou durante os últimos 22 anos, apesar da produção de plástico, tanto como a de lixo, ter aumentado durante esse período.
Agora, um estudo exaustivo, resultando em mais de 64.000 pedaços de plástico recolhidos no Oceano Atlântico ao longo de duas décadas, permitiu que os cientistas resolvessem alguns dos mistérios desse “caminho de lixo”.
Os pesquisadores acreditam que o plástico se quebra em pedaços menores do que os capturados pelo estudo. Como bactérias e outros organismos se criam sobre o plástico, esse peso adicional pode arrastar os restos para profundidades mais baixas do oceano. Segundo a pesquisa, os caminhos de plástico possivelmente atingem quase todo o Atlântico.
Esse caminho de lixo não significa necessariamente uma ilha de lixo flutuante visível sobre as ondas. Apenas 62% das redes dos navios continham quantidades detectáveis de plásticos. O que os pesquisadores coletaram são fragmentos muito pequenos de plástico que vieram de itens de consumo maiores. Cada rede lançada de meia em meia hora alcançava apenas 20 peças de plástico equivalente a cerca de 0,3 gramas no total.
A descoberta incomum de um balde de cinco litros foi uma surpresa: peixes gatilho, que normalmente vivem em torno de recifes no oceano, estavam abrigados lá. Isso sugere que os peixes encontraram abrigo e comida talvez a partir da espuma plástica acumulada no balde.
As peças pequenas de plástico, mais comuns, também abrigam colônias de bactérias que normalmente não podem pertencer à superfície do oceano. Os cientistas ainda não sabem se os micróbios são capazes de usar o plástico como alimento e degradá-lo, ou se o plástico está atuando como substrato para comunidades microbianas.
As origens de todo esse plástico são completamente desconhecidas. Os pesquisadores atualmente não conseguem rastrear o local de onde vieram. Mas estudos de circulação oceânica descobriram que um plástico flutuante pode viajar a partir de Washington ou Miami até esse caminho de lixo no Atlântico em apenas 40 dias.
O próximo passo que os cientistas querem dar é entender o tamanho e o destino do plástico nos oceanos.[LiveScience]