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Imagens da Nasa mostram a situação crítica da falta de água em São Paulo

Esqueçam, por um momento, as enchentes que desalojam diversas famílias e causam inúmeros prejuízos todos os anos em São Paulo. Dessa vez, o problema está no outro lado desse espectro: a falta de água. A crise hídrica que atinge o estado há meses se agrava a cada dia sem chuva – ainda mais quando o necessário seriam chuvas torrenciais – e a população já sente em casa os efeitos disto.

O Sudeste brasileiro está passando por uma das piores secas em décadas e situação é ainda pior no maior estado e na maior cidade do país. O total de precipitação para o ano está de 300 a 400 milímetros abaixo do normal e o Sistema Cantareira atingiu na última segunda-feira, dia 20, 3,6% da sua capacidade de armazenamento.

O Sistema Cantareira é o maior dos sistemas administrados pela Sabesp, destinado a captação e tratamento de água para a Grande São Paulo. É um dos maiores do mundo, abastecendo 8,8 milhões de pessoas. Todo o complexo é composto pelas represas de Paiva Castro, Cachoeira, Atibainha, Jacareí e Jaguari.

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O Operational Land Imager no satélite Landsat 8 da NASA registrou estas duas imagens em cor natural do reservatório Jaguari. A imagem de cima mostra a área em 3 agosto de 2014 (a visão sem nuvens mais recente do Jaguari); e a segunda imagem mostra a mesma área em 16 de agosto de 2013, antes do início da seca atual.

O nosso gif (acima) mostra ainda melhor a mudança drástica ocorrida em apenas um ano. Mesmo em 2013, o reservatório já parecia estar rodeado por uma marca mais baixa nas bordas. A água também está em um tom verde-azulado mais claro em 2014 porque está mais rasa, com sedimentos do fundo do lago alterando a cor da superfície da água.

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É importante destacar que atualmente a situação está ainda pior, visto que, nos dois meses desde que foi registrada a imagem deste ano pelo Landsat, o nível dos reservatórios continuou a diminuir, com sua capacidade indo de aproximadamente 12% para 3,6%.

A seca começou no último verão, quando as altas temperaturas castigaram o Brasil todo e o estado de São Paulo recebeu entre um terço e metade de sua quantidade normal de chuva durante o que deveria ter sido a sua temporada mais chuvosa. Nos sete meses seguintes, a precipitação foi aproximadamente 40% do normal.

Em toda a região sudeste, a produção de culturas importantes, como café e açúcar, está em declínio e os cidadãos estão enfrentando interrupções periódicas no abastecimento de água, mesmo que as autoridades locais não tenham instituído medidas firmes de conservação.

“O clima da região é sazonal, com verão chuvoso e inverno seco, e a seca se estendeu durante a estação atual e a estação chuvosa passada”, observou Marcos Heil Costa, cientista climático da Universidade Federal de Viçosa. “Para piorar as coisas, o início da estação chuvosa, que geralmente acontece no final de setembro ou início de outubro, ainda não aconteceu”.

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“Na temporada chuvosa, o padrão [de redução de chuvas] foi observado no passado, embora a intensidade deste ano seja sem precedentes”, acrescentou Costa. “Na temporada de seca, coincidência ou não, o padrão é exatamente o que foi previsto pelo IPCC para um clima mais quente. E agora está claro que nossas políticas de gestão dos recursos hídricos são insustentáveis. Nenhuma cidade no sudeste do Brasil parece preparada para lidar com uma seca como esta. É uma mistura de falta de preparação para os baixos níveis de chuva e a falta de educação ambiental da população. A maioria das pessoas continua a usar a água como se estivéssemos em um ano normal”.

O arquiteto Gabriel Kogan, mestre em Estudos Urbanos de Água pela TU Delft, da Holanda, escreveu um artigo listando dez mitos da crise hídrica atual. Clique aqui para saber mais sobre o assunto. [G1, Nasa – Earth Observatory, iG, Diário do Centro do Mundo, Wikipedia]

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