A polícia federal argentina descobriu recentemente uma cápsula do tempo de qualidade muito duvidosa. Escondidos dentro de uma casa perto de Buenos Aires, em uma sala secreta, estavam mais de 70 artefatos nazistas, tais como um negativo de Adolf Hitler e uma grande faca. A polícia agora investiga quando e como os itens chegaram ao país.
Segundo a Haaretz, agentes da Interpol revistaram a casa em 8 de junho. Algumas obras de “origem ilícita” haviam sido descobertas ao norte de Buenos Aires, levando a polícia a esse destino. Quando os investigadores chegaram, encontraram uma ampla estante de livros que escondia uma sala secreta. O proprietário da casa permanece em liberdade, mas não está definido se enfrentará acusações.
Os investigadores contataram especialistas na temática do Holocausto para saber mais sobre a origem das peças. Membros da comunidade judaica argentina acreditam que devam ter sido trazidas ao país por funcionários nazistas logo após a Segunda Guerra Mundial.
Pistas de originalidade
De início, pesquisadores especularam se os itens poderiam ser reproduções, embora acreditem que se trate de peças originais. Naturalmente, ainda há uma série de perguntas em torno de quando elas chegaram ao país.
“Nossas primeiras investigações indicaram evidências de originalidade”, disse a Ministra da Segurança argentina, Patricia Bullrich, à Associated Press.
A descoberta é a maior dessa natureza na Argentina, um país que tem relação infeliz com o Holocausto. Após a Segunda Guerra Mundial, várias autoridades nazistas se exilaram na Argentina, incluindo Adolf Eichmann e Josef Mengele.
Eichmann foi encontrado em Buenos Aires por caçadores de nazistas em 1960. Ele foi levado a Israel e condenado à morte por enforcamento em 1962. Mengele escapou da Argentina, fugiu para o Paraguai e, mais tarde, morreu no Brasil. Ainda não se sabe se a coleção descoberta neste mês pertenceu pessoalmente a Eichmann, Mengele ou a outros nazistas que fugiram da Alemanha.
Um dos motivos pelos quais as autoridades argentinas têm certo grau de certeza quanto à originalidade das peças é o fato de que alguns itens da coleção estão marcados com retratos de líderes nazistas. Um item da coleção, por exemplo, é uma lupa. Esta mesma lupa está presente no negativo de uma fotografia de Hitler. Os investigadores mostraram a foto à Associated Press sob a condição de que não fosse publicada.
“Esta é uma estratégia para vendê-los: mostrar que as peças foram utilizadas pelo horror, pelo Fuhrer. Há fotos de Hitler com esses objetos”, idsse Bullrich.
“Pseudociência”
Alguns dos itens mais perturbadores da coleção são os instrumentos médicos, incluindo itens utilizados para medir a dimensão da cabeça de seres humanos. Cientistas nazistas viajaram pelo mundo na década de 1930 medindo o crânio de inúmeras etnias, acreditando em uma pseudociência que pregava a determinação das “raças superiores” por meio de características faciais.
A coleção também inclui brinquedos nazistas e outras coisas que teriam sido direcionadas aos jovens nazistas, como uma coleção de gaitas com ilustrações de jovens empunhando bandeiras com a suástica que simboliza o movimento.
“Não há precedentes para uma descoberta como esta”, disse Nestor Roncaglia, chefe da polícia federal argentina, à Associated Press. “Peças são roubadas, há falsificações; isso, porém, é original, e temos que descobrir de onde veio” [GizModo].