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Japonês vive em ilha deserta como um ermitão pelado

Perigosas correntes oceânicas passam pela ilha Sotobanari, no Japão, próxima de Taiwan, onde não há uma gota de água potável e onde pescadores raramente param.

Mas Masafumi Nagasaki, 76 anos, fez dessa ilha seu local de aposentadoria, com um código de vestimenta bem incomum: nada.

Pelado, ele enfrenta tufões e insetos como um ermitão. “Eu não faço o que a sociedade me diz, eu sigo as regras da natureza”, diz Nagasaki. “Você não pode vencê-la, por isso temos que obedecê-la por completo”.

Magro e com a pele açoitada pelo sol de duas décadas na ilha, o ermitão costumava trabalhar como fotógrafo e depois foi para a indústria do entretenimento. Quando a aposentadoria chegou, ele quis ficar bem longe de tudo.

Ele escolheu Sotobanari, que tem cerca de mil metros de comprimento e que significa “ilha distante exterior”, no dialeto local. E sua determinação não demorou a ser posta à prova. Logo no início de sua vida natural, um tufão varreu a ilha e destruiu a maioria das árvores e moitas que ele costumava utilizar quando queria sombra, além de carregar para longe sua única barraca.

“Foi aí que sequei sob o sol”, conta Nagasaki. “E pensei que seria impossível viver aqui”. Assim, seu embaraço em ficar nu foi sumindo aos poucos. “A sociedade normal pode não aprovar, mas na ilha isso parece o certo, como um uniforme”, defende.

O único momento em que veste roupas é quando vai de barco até um vilarejo próximo, distante uma hora de barco, onde ele compra comida e água potável, e recolhe os 10 mil yens que sua família manda para ele viver. O valor corresponde a aproximadamente 220 reais.

Sua dieta consiste basicamente em bolinhos de arroz, que ele cozinha quando a fome bate – cerca de quatro vezes por dia. Já água, para tomar banho e para barbear-se, ele coleta da chuva, com potes.

E, ao contrário do que o senso comum pode pensar, o ermitão japonês tem uma agenda bem rigorosa. Ele começa seus dias fazendo alongamentos na praia. Depois, é uma corrida contra o tempo, em que ele prepara sua comida e limpa sua área de acampamento.

Ele admite que seu estilo de vida não é dos mais saudáveis, mas não se trata disso, segundo Nagasaki. “Escolher um local para morrer é importante. E decidi que aqui é meu lugar”, confessa. “Nunca havia pensado no assunto, e, quando percebi, decidi que não queria morrer em um hospital ou em casa. Morrer cercado pela natureza é imbatível”, sentencia. [Reuters]

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