Dan Fabbio é um músico profissional e professor de saxofone que descobriu ter um tumor localizado justamente na parte do cérebro responsável pela função musical. Ele começou então uma longa jornada com a ajuda de uma equipe de médicos, cientistas e até uma professora de música da Universidade de Rochester (EUA) para retirar o tumor de sua cabeça.
A cirurgia foi realizada com o paciente acordado e tocando saxofone, para que os médicos soubessem imediatamente que suas habilidades musicais ficariam intactas. O paciente e músico deu um show para toda a equipe que estava na sala de cirurgia, e recebeu uma salva de palmas.
Durante o procedimento, Dan estava deitado ligeiramente em seu lado esquerdo. “Essa posição não é a que você tocaria um saxofone, então tivemos que ser criativos para fazer aquilo funcionar. Eu não tinha movimentação e liberdade com os dedos nas duas mãos, era um ângulo tão estranho. Mas funcionou”, diz o paciente.
Quando Dan trouxe seu saxofone para apresentar a música que seria tocada para a equipe durante a cirurgia, alguns pesquisadores levantaram o problema que algumas notas intensas e a pressão do sopro fariam seu cérebro se estufar. Por isso, a música teve que ser adaptada com notas mais curtas.
Esta jornada começou quando Dan passou a escutar e ver coisas que não estavam lá. “Ele teve uma experiência muito incomum de estar fora do corpo”, explica o médico Webster Pilcher, neurocirurgião que o atendeu. Ele passou por uma ressonância magnética do cérebro, que revelou um tumor relativamente grande em uma área envolvida com a audição sofisticada e a função musical.
“Ele se expressou sobre a preocupação em perder sua habilidade musical”, relembra o médico. Bradford Mahon, outro médico neurologista, relata que Dan disse: “música é minha vida”.
Para estudar bem o tumor de Dan e planejar da melhor forma possível o seu tratamento, a equipe médica realizou várias ressonâncias e testes em que ele tinha que nomear objetos que via em uma tela ou cantar melodias. Assim, foi possível construir um mapa com enorme detalhes sobre a localização da área musical em seu cérebro e a localização de seu tumor.
A equipe também contou com a música e especialista em cognição musical Elizabeth Marvin, que trabalha no departamento de Cérebro e Ciências Cognitivas da Universidade de Rochester. Sua participação foi em testes anteriores e durante a cirurgia em que o paciente escutava uma melodia tocada no piano e tinha que cantarolar esta melodia corretamente. “Minha função era ouvir esta melodia e dizer se ela estava correta ou não”, explica a pesquisadora.
Por fim, chegou o momento de remover o tumor. “Depois de um suspiro de alívio, pedimos para que ele pegasse o saxofone”, conta Pilcher. “Ele tocou de forma perfeita”, lembra Marvin.
“Eu voltei ao trabalho apenas um mês depois da cirurgia”, diz Dan. O procedimento foi realizado em 2016, e um ano depois de toda esta luta, ele está tocando e ensinando música como se nunca tivesse tido o tumor cerebral. Ele sente que seus talentos musicais estão tão bons quanto antes da cirurgia.
A história de Dan não é apenas de um caso único que foi resolvido com sucesso, mas também de um estudo detalhado do cérebro humano que está ajudando a muitos outros pacientes que chegam ao hospital da universidade com tumores cerebrais. [UR Medicine]
Confira no vídeo abaixo um documentário de 7 minutos sobre este procedimento. O ponto em que ele toca o instrumento durante a cirurgia já está selecionado: