Uma das coisas que médico algum pode dizer é “já vi de tudo nessa vida”: a medicina está lotada de doenças inexplicáveis e tratamentos exóticos.
Confira a seguir uma seleção de casos especialmente curiosos:
Sangue? Órgãos? Não: o que salvou a vida da canadense Marcia Munro foi um transplante fecal. Esse tratamento pouco convencional é usado em último caso para combater a superbactéria Clostridium, que pode causar diarreia intensa e outras complicações.
O “material” recolhido de um doador saudável é tratado e introduzido no intestino do paciente através de um enema – um tubo introduzido você-sabe-onde. Ao chegar no local, as bactérias do doador matam a Clostridium, algo que nem fortes antibióticos conseguem fazer.
Por mais de 30 anos, médicos ingleses acreditaram que tocar violoncelo durante muito tempo podia prejudicar as “partes baixas” de um músico.
Depois de ler um artigo sobre o “Mamilo de Violão” (doença que atinge mulheres que passam muito tempo tocando violão e ficam com a pele dos seios irritada pelo contato com o instrumento), a Dra. Elaine Murphy e seu marido, J. M. Murphy, acharam que era brincadeira e resolveram inventar uma doença parecida. Eles escreveram um artigo em 1974 sobre o “Saco de Violoncelo”, que foi publicado pelo célebre British Medical Journal, um dos mais famosos da Europa.
O artigo convenceu tanta gente que muitos médicos citavam a doença como se fosse verdadeira – um deles chegou a debater se o problema seria causado pela cadeira ou pelo instrumento musical. Em 2009, para o alívio de muitos violoncelistas, a Dra. Murphy admitiu a brincadeira.
Se você reclama daquele vizinho que faz festas barulhentas toda semana, imagine o tormento que seria passar o dia todo ouvindo sons emitidos por… você mesmo. Coração batendo, intestino funcionando, juntas estalando. O inglês Stephen Mabbutt era capaz de ouvir até mesmo seus olhos girando nas órbitas!
O bizarro sintoma (chamado “autofonia”) é causado pelo afinamento ou ausência de um osso específico no ouvido interno. Não bastasse a barulheira eterna, Mabbutt também tinha dores de cabeça constantes e vertigem causada por barulhos altos. Em 2011, fez uma cirurgia e finalmente conseguiu dormir sossegado.
Durante cinco anos, o chinês Feng Fujia teve dificuldades para respirar. Quando finalmente resolveu procurar tratamento, ficou chocado ao descobrir que o problema era causado por um dente… dentro de seu nariz!
Os médicos que trabalharam no caso sugerem que o dente fora “empurrado” para cima quando Fujia era pequeno e foi crescendo lentamente. A cirurgia foi um sucesso.
Uma condição (no mínimo) assustadora dificulta a vida da jovem Twinkle Dwivedi, uma estudante indiana. Sem qualquer motivo aparente, ela começa a sangrar pelos poros e por várias partes do corpo. O fenômeno ocorre várias vezes por dia e, embora não cause dor, deixa a jovem Dwivedi em situação complicada.
Diversos médicos já estudaram seu caso, mas até agora ninguém sabe a causa – e muito menos a cura.
Também conhecidas como “Lightning Flowers” (“Flores de Raio”), as Figuras de Lichtenberg são desenhos ramificados que aparecem em um material isolante atingido por um raio. As figuras também surgem (embora raramente) na pele de pessoas que sobreviveram ao serem atingidas, e podem levar horas ou dias para sumir.
Mais estranho do que os desenhos (cujas causas ainda são desconhecidas) é o fato de as vítimas terem sobrevivido a uma descarga elétrica tão forte, para começo de conversa, com pouco ou nenhum ferimento.
Em dezembro de 2009, uma equipe de médicos retirou 172.155 pedras do rim esquerdo da indiana Dhranraj Wadile, que reclamava de fortes dores havia seis meses.
Aparentemente, Wadile nasceu com uma rara condição na qual o rim fica numa posição errada e não funciona como deveria. As pedras variavam de 1 milímetro a 2,5 centímetros de diâmetro, e eram tantas que foi necessário um mês para contá-las.
Quem olha para a jovem vietnamita Nguyen Thi Phuong pensa que ela já é uma senhora de 70 anos, quando, na verdade, ainda não chegou nos 30. O problema começou em 2008, depois de um tratamento para sua alergia a frutos-do-mar. Pouco a pouco, sua pele foi perdendo a elasticidade e se tornando pálida e enrugada.
Há diversas teorias para sua condição, mas nenhuma explicação definitiva foi encontrada até agora.
Em junho de 1822, o viajante Alexis St. Martin, de apenas 20 anos, levou um tiro de mosquete na barriga. Para sua sorte (ou não, como veremos em seguida), ele foi rapidamente tratado pelo cirurgião William Beaumont, do Exército dos EUA. Durante 17 dias, parte dos alimentos ingeridos por St. Martin saía pelo ferimento. No 18º dia, a comida parou de “escapar”, mas o buraco (fístula) continuava ali.
O Dr. Beaumont, vendo a oportunidade, passou os 11 anos seguintes estudando o caso e fazendo experimentos com St. Martin, como colocar alimentos diretamente na fístula e observar a digestão. St. Martin, que era analfabeto, foi convencido a assinar um contrato de trabalho e se tornou empregado do médico. Naquela época, pouco se sabia sobre os processos digestivos, e Beaumont fez várias descobertas, em especial o papel do intestino e do suco gástrico. Os estudos foram publicados em 1838.
Depois da longa “parceria”, St. Martin voltou para sua casa, no Quebec, e Beaumont ficou conhecido como “Pai da Fisiologia Gástrica”.
Todo mundo conhece alguém que adoece facilmente ou tem várias alergias. O pequeno David Phillip Vetter, porém, chegava ao extremo: portador da Síndrome de Deficiência Imunológica Severa Combinada (SCID em inglês), ele teve de passar quase toda a sua vida isolado em uma bolha esterilizada, que o protegia de vírus e bactérias.
Em 1984, aos 12 anos, Vetter recebeu um transplante de medula que, ao invés de curá-lo, causou sua morte – o material estava contaminado com um vírus difícil de ser detectado.
Embora trágica, sua história motivou vários debates sobre o isolamento de pacientes com SCID e suas possíveis consequências psicológicas. Felizmente, os avanços da medicina tornaram o isolamento desnecessário.[Listverse]