Engana-se quem pensa que o bullying virtual – o cyberbullying – é um abuso que acontece apenas contra crianças e jovens. Agora, nem os professores estão escapando dos insultos virtuais. E o mais impressionante é que as agressões não vêm apenas dos estudantes, mas dos pais também.
Um novo estudo realizado na Inglaterra descobriu que mais de um terço dos professores tem sido vítimas do cyberbullying. A maior parte dos abusos, 72%, veio através dos alunos, mas mais de um quarto foi iniciado pelos pais.
No total, 35% dos professores entrevistados disseram já ter sido vítimas de cyberbullying, dentre os quais 60% eram mulheres.
A maior parte das agressões acontece nas redes sociais. Alguns grupos foram criados no Facebook, por exemplo, especificamente para unir críticas e ofensas a professores. Em alguns casos, estudantes postaram vídeos de professores no YouTube, ou colocaram comentários degradantes em sites voltados para estudantes darem notas aos professores (como o ratemyteachers.com).
Os pais responderam por 26% dos comentários abusivos na internet. Muitas vezes, eles iniciaram campanhas negativas na web contra outros alunos também.
Casos de crianças que sofrem bullying online são bastante conhecidos e só agora o abuso contra os professores nas redes sociais está recebendo atenção, pois é um problema crescente. O custo humano de tudo isso é alto. 300 professores vítimas de cyberbullying foram entrevistados, e relatos de problemas psicológicos e tendências suicidas foram comuns.
Esse novo fenômeno ilustra bem a nova visão que os pais estão tendo sobre a escola e os professores – que muitas vezes são tratados como mercadorias ou objetos que devem ser essencialmente produtivos. O professor já não é visto como alguém que deve ser apoiado para o desenvolvimento da educação, e as queixas dos pais são cada vez mais comuns (bem como o sentimento de que seus filhos podem tudo).
Algumas redes sociais resolveram combater a situação. O Facebook oferece dicas para professores e promete responder a denúncias de assédio moral dentro de 24 horas. “Essas discussões online são um reflexo do que está acontecendo offline”, afirmou um porta-voz do Facebook. [BBC]