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Mais uma nova — e minúscula — espécie de vespa é descoberta por pesquisadores

Pesquisadores da Rice University identificaram uma nova espécie de vespa, chamada Chrysonotomyia susbelli. Crédito: Rice University

Pesquisadores da Rice University identificaram uma nova espécie de vespa, a Chrysonotomyia susbelli, em Houston, Texas. Desde 2014, essa é a 18ª nova espécie revelada pela equipe liderada por Scott Egan, professor associado de ecologia e biologia evolutiva. Essa descoberta, a quarta desse tipo a ser encontrada no campus da universidade nos últimos sete anos, destaca como ecossistemas complexos e fascinantes podem estar literalmente ao nosso redor—mesmo sem notarmos, enquanto corremos para a aula ou almoçamos.

A Chrysonotomyia susbelli é uma vespa parasitoide minúscula, com apenas 1 milímetro de comprimento. Ela emerge de pequenas galhas—crescimentos que se assemelham a tumores—criadas pela vespa-galha Neuroterus bussae, que habita folhas de carvalho-sulista. Essas galhas funcionam como “minicasas” para as larvas, onde elas se alimentam, crescem e eventualmente se transformam em pupas. O estudo detalhado sobre essa espécie foi publicado na revista ZooKeys.

Essa descoberta é significativa porque a Chrysonotomyia susbelli é a primeira espécie do gênero que se sabe parasitar vespas-galha cynipídeas, marcando uma adição única ao conhecimento sobre essas interações ecológicas. Ao longo do estudo, a equipe realizou análises genéticas e investigações minuciosas das características físicas da vespa, utilizando microscópios para garantir que se tratava de uma espécie inédita. Também revisaram documentos históricos para evitar duplicação de registros.

O responsável por nomear a espécie foi Brendan O’Loughlin, estudante da Rice e autor principal do artigo. Ele brinca que a cor dourada da vespa se assemelha muito às cores oficiais de seu colégio residencial, o Wiess College, uma coincidência que certamente trouxe um toque especial ao nome escolhido.

A pesquisa foi enriquecida com dados de DNA, além de observações do comportamento natural da vespa, como uma interessante prática de “escaneamento de folhas” realizada pelas fêmeas. A equipe também atualizou a chave de identificação das espécies do Novo Mundo para incluir essa recém-descoberta, facilitando futuras identificações por outros pesquisadores.

Scott Egan ressaltou a importância de explorar a biodiversidade local, observando que não é necessário se aventurar em florestas tropicais remotas para encontrar novas espécies—basta estar atento ao ambiente ao seu redor. A descoberta sugere a existência de um nicho ecológico ainda inexplorado, envolvendo as vespas Chrysonotomyia, vespas-galha cynipídeas e carvalhos. E, quem sabe, mais espécies ainda aguardam para serem descobertas nas sombras dessas interações discretas.

Um fato curioso é que essas vespas provavelmente estão presentes nos terrenos da Rice University desde a fundação da instituição, vivendo discretamente nas árvores, invisíveis aos olhares apressados. A pesquisa também contou com a colaboração de Pedro Brandão-Dias, doutor em ecologia pela Rice e atualmente pesquisador na Universidade de Washington, e Michael Gates, especialista em vespas parasitoides do Laboratório de Entomologia Sistemática do Departamento de Agricultura dos EUA, vinculado ao Museu Nacional de História Natural do Smithsonian.

Esse estudo é um lembrete de que, às vezes, a natureza guarda seus segredos bem debaixo de nossos narizes—ou, neste caso, nas folhas dos carvalhos.

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