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Medicamentos miraculosos do começo do século 20 eram, em realidade, venenos mortais

Não é segredo que, em doses exageradas, praticamente qualquer remédio pode matar – ou provocar sequelas. No final do século 19 e começo do 20, porém, substâncias que hoje sabemos que são tóxicas (como mercúrio e chumbo) estavam entre os ingredientes de pílulas, cremes e pós medicinais – e, nesses casos, não havia exatamente uma “dose segura“.

“Naquele tempo, esse campo tinha muita tentativa e erro”, explica o químico Mark Benvenuto, da Universidade de Detroit Mercy (EUA). “Coisas que vemos que são perigosas (…) eram recursos ‘de ponta’ na época”.

Remédios/venenos

Junto com outros pesquisadores, ele analisou dezenas de medicamentos do período guardados no Museu Henry Ford. Para compostos sólidos, como pílulas e pós, eles usaram raios-X – partículas emitidas pelo material indicam sua composição. Já para cremes e loções, o grupo usou ressonância magnética nuclear – que, como os raios-X, permite identificar a substância a partir de partículas emitidas por ele.

Benvenuto destaca que os resultados do estudo podem ajudar a ter uma visão mais precisa da medicina da época. “Você pode olhar para a embalagem e descobrir o que deveria ter no produto, ou descobrir a partir de um jornal antigo o quanto ele custava, mas não pode saber exatamente o que havia nele sem testar”.

Em um tempo em que remédios não passavam por uma bateria de testes e análises antes de ser (ou não) comercializados, usar substâncias tóxicas que eram consideradas benéficas era prática comum – o mercúrio, por exemplo, foi um dos primeiros “remédios” usados para tratar sífilis, pois comprovadamente matava a bactéria causadora da doença (embora intoxicasse o paciente no processo).

“Hoje em dia, começamos vendo se uma substância pode matar certos tipos de células, depois testamos em ratos, então em cachorros e, por fim, em humanos”, lembra Benvenuto. “Obviamente, agora nós temos um sistema melhor, mas acredito que esse tipo de medicina foi o primeiro passo para o caminho em que estamos”.[American Chemical Society, Smithsonian]

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