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Meditação, psicodélicos e aceitação da mortalidade: A jornada de Roland Griffiths

Eu tenho uma pequena coleção de seixos lisos na minha mesa, o que pode não parecer incomum. Essas pedras são lembranças de várias férias na praia, um hábito passado pela minha mãe, que sempre trazia um pedaço da praia para a vida dela longe do litoral.

Essas seis pedras servem como um lembrete do contexto maior da vida, transcendendo as tensões diárias que podem nos consumir. Elas simbolizam a natureza efêmera da existência, à medida que gradualmente se desgastam e se transformam em sedimentos, eventualmente dispersando-se no ar ou na água.

Entre essas pedras repousa uma adição recente: uma medalha banhada a ouro com o tamanho de uma moeda de vinte e cinco centavos. Um lado traz a inscrição “Meditação”, seguida da citação “O verdadeiro método do conhecimento é a experimentação”, do poeta William Blake. O lado oposto apresenta uma imagem gravada de cogumelos e uma bênção: “Que você permaneça consciente da consciência.”

Essa medalha foi um presente de Roland Griffiths, um cientista com quem conversei em abril como parte de uma série de conversas. Griffiths dedicou sua carreira posterior à exploração do potencial terapêutico de substâncias psicodélicas, especialmente o psilocibina, para pacientes com depressão, dependência e câncer terminal.

No entanto, há dois anos, ele recebeu o diagnóstico de câncer de cólon em estágio 4, tornando-se tanto médico quanto paciente. Nossa conversa teve um profundo impacto em mim, especialmente sua capacidade de abraçar as etapas finais da vida com calma e aceitação.

No final de setembro, entrei em contato com Griffiths para atualizá-lo sobre meu compromisso com a meditação e as mudanças positivas que ela trouxe à minha vida. Ele me encorajou a persistir, enfatizando a importância de observar pensamentos, emoções e sensações como fenômenos transitórios. Algumas semanas depois, em 16 de outubro, Roland Griffiths faleceu aos 77 anos.

Eu mantenho sua medalha sobre minha pilha de pedras como um lembrete de que a impermanência é a ordem natural. Embora tenhamos pouco controle sobre quando ou como deixamos este mundo, temos o poder de escolher como vivemos a cada dia até que esse momento chegue.

Esta conversa a seguir foi condensada e editada para maior clareza.

Rachel Martin: Você esteve envolvido em pesquisas com psilocibina. Você poderia explicar o que é isso em termos mais simples?

Roland Griffiths: A psilocibina é um composto psicodélico clássico encontrado em certos cogumelos. Culturas indígenas a usam há séculos em cerimônias ou experiências religiosas. Ela induz efeitos relativamente rapidamente e tem uma duração mais curta em comparação com substâncias como LSD ou mescalina, tornando-a mais gerenciável.

Martin: Você evita o termo “viagens”?

Griffiths: Sim, evito. Ele carrega o peso da era dos anos 60.

Martin: Você conduziu testes com psilocibina especificamente em pacientes com câncer. Quais foram suas descobertas?

Griffiths: Nosso primeiro teste terapêutico na Johns Hopkins envolveu pacientes com câncer. Eu estava inicialmente cauteloso sobre como a experiência afetaria indivíduos enfrentando desafios existenciais tão profundos. Para nossa surpresa, uma única dose de psilocibina levou a uma redução significativa e duradoura da ansiedade e depressão nesses pacientes, o que foi notável.

Martin: Você pode compartilhar algumas percepções dos pacientes sobre suas experiências?

Griffiths: Um indivíduo se destacou. Ele passou a acreditar na realidade de Deus, mas não no sentido religioso. Essa crença ofereceu a ele aceitação de sua condição e tranquilidade para seus entes queridos, trazendo conforto a eles.

Martin: Por que você estava relutante em compartilhar esse exemplo?

Griffiths: É a menção de Deus. Frequentemente lutamos para encontrar as palavras certas para descrever essas experiências profundas.

Martin: Limitações da linguagem, de fato. As pessoas podem usar o termo “Deus” porque é desafiador articular essas ideias de outra forma.

Griffiths: Exatamente, vivemos dentro de um mistério profundo e não temos uma explicação científica para nossa consciência. Nossa compreensão mais fundamental é que somos conscientes de que somos conscientes, algo unicamente individual.

Martin: Agora você está do outro lado, contemplando essas questões existenciais com urgência após o diagnóstico de câncer.

Griffiths: Sim, fui fazer uma colonoscopia de rotina, achando que estava saudável, mas recebi o diagnóstico de câncer de cólon em estágio 4. Surpreendentemente, isso se tornou motivo de celebração. Minha esposa e eu optamos por abraçá-lo, apesar das cirurgias e da quimioterapia.

Martin: Você considerou tomar psilocibina você mesmo?

Griffiths: Inicialmente, estava relutante em usar um psicodélico porque estava preocupado em alterar minha clareza mental.

Martin: Você não queria perturbar sua nova clareza.

Griffiths: Exatamente. Mas eventualmente me perguntei se estava evitando algo, então decidi tomar uma dose de LSD.

Martin: Como foi essa experiência?

Griffiths: Foi uma experiência fantástica. Eu entrei em diálogo com meu câncer, o reconhecendo e expressando gratidão pelas mudanças que trouxe à minha vida. Perguntei se ele precisava encerrar minha vida.

Martin: Você recebeu uma resposta?

Griffiths: Sim, essencialmente transmitiu que eu passaria, mas era como deveria ser, com um significado e propósito mais profundos. Também me incentivou a compartilhar minha jornada de forma mais aberta.

Martin: Aprecio sua disposição em buscar respostas.

Griffiths: Foi empoderador. Meu convite é celebrar a vida, independentemente de um diagnóstico terminal. Há um milagre em nossa existência, e abraçá-lo vale a pena. [NPR]

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