Alguém lembra o mistério da estrutura em torno da estrela KIC 8462852? Havia uma forte especulação que talvez se tratasse de alguma megaestrutura criada por uma civilização alienígena super avançada. Pode esquecer…
A esquisitice foi relatada pela astrônoma Tabetha “Tabby” Boyajian, da Universidade Yale, em um artigo publicado no ano passado após a estrela ter sido apontada pelo grupo de cientistas cidadãos “Planet Hunters“.
Entretanto, observações posteriores mostraram que as supostas megaestruturas eram muito frias e quietas, sem qualquer emissão peculiar de infravermelho, o que seria de se esperar se fosse uma megastrutura, e um silêncio no rádio, já que o SETI (sigla que significa em português Busca por Inteligência Extraterrestre) não detectou nenhuma fonte de ondas de rádio artificiais. Ainda sobraria a hipótese de um grande conjunto de cometas.
Só que um estudo recente apontou que a estrela em questão tem diminuído bastante no último século. Dados obtidos com o DASCH – Digital Access to a Sky Century @ Harward (algo como “acesso a dados centenários do céu, em Harvard”), contendo dados de 1885 a 1993, apontam que a estrela enfraqueceu cerca de 20% nos últimos 100 anos.
Este enfraquecimento não poderia ser explicado pela hipótese dos cometas. Mais: considerando que KIC 8462852 é uma estrela tipo F, normal, um pouco mais quente e brilhante que o sol, este enfraquecimento é no mínimo misterioso. As explicações naturais parecem não servir, o que levou a ideia de uma estrutura artificial.
A explicação não está no espaço
Mas a resposta é mais simples. Um novo estudo que recentemente foi aceito para publicação no Astrophysical Journal mostra que a diferença em brilho no último século é devido aos diferentes telescópios usados e não uma mudança intrínseca à estrela.
A equipe usou o mesmo banco de dados, mas deu uma espiada em outras 94 estrelas padrão, de luminosidade conhecida. Eles estavam procurando por um viés no catálogo, verificando como a luminosidade destas estrelas mudou com o tempo.
“Neste caso, procuramos variações no brilho de um número de estrelas comparáveis no banco de dados DASCH, e descobrimos que muitas delas apresentaram uma queda similar na intensidade nos anos 1960”, aponta o professor Keivan Stassun, um dos autores do estudo. “Isto indica que as quedas foram causadas por mudanças nos instrumentos, não por mudanças no brilho das estrelas”.
A estrela de Tabby continua sendo um objeto interessante, um dos mais interessantes descobertos pelo observatório espacial Kepler, apesar de não ser uma base secreta alienígena. As explicações para suas variações ainda não foram comprovadas, e vão continuar causando perplexidade aos astrônomos por um bom tempo. [IFLScience]