Segundo um novo estudo, as garotas, mas não os meninos, que vão a pé ou de bicicleta para a escola tem um desempenho melhor em testes de habilidades verbais e matemáticas.
O estudo, realizado em cidades espanholas, mostrou que quanto mais longo o trajeto, maior a pontuação das meninas nos testes, independentemente do quanto elas se exercitavam fora da escola. Ainda assim, não está claro se o trajeto em si importa, ou se apenas se exercitar em geral ou algum outro fator está em jogo.
Segundo os pesquisadores, o cérebro adolescente passa por mudanças importantes na estrutura e função. Muitos cientistas acreditam que a atividade física pode ter um efeito positivo, pois aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro. Por exemplo, parece melhorar a concentração, memória e outros fatores-chave associados à aprendizagem.
No início deste ano, um grande estudo de adolescentes urbanos na Espanha sugeriu que aqueles que se exercitam mais fora da escola iam melhor em testes cognitivos. Para testar se um trajeto ativo para a escola tinha o mesmo efeito, os pesquisadores examinaram os resultados dos testes de 1.700 adolescentes urbanos espanhóis, e perguntaram-lhes como eles chegaram à escola.
Cerca de 65% dos adolescentes disseram que andavam de bicicleta ou iam a pé para a escola. As meninas com um trajeto ativo marcaram uma média de 53 pontos nos testes de função cognitiva, enquanto as que pegaram uma carona fizeram quase 4 pontos a menos.
E as meninas cujo trajeto durou mais de 15 minutos se saíram melhor nos testes do que as meninas que caminharam ou pedalaram por menos de 15 minutos – um sinal de que a relação entre deslocamentos ativos e desempenho nos testes é real. O efeito persistiu mesmo depois que os pesquisadores levaram em conta fatores como idade, peso corporal, status social e econômico, e atividades fora da escola.
Os pesquisadores também disseram que se exercitar até a escola muitas vezes demora mais do que ir de carro ou ônibus, o que pode proporcionar um tempo para refletir e se preparar mentalmente para o dia, dando-lhes uma vantagem.
Eles alertam, porém, que nem todos os deslocamentos são iguais – um passeio pelas cidades européias, com seus cafés e lojas, pode ser muito mais estimulante do que uma caminhada através de um subúrbio tipicamente norte-americano. Além disso, nem todo trajeto é seguro, o que pode mudar o tipo de benefício que o adolescente tira do exercício.
Não está claro por que não havia ligação entre deslocamentos ativos e desempenho cognitivo entre os meninos. Outro estudo entre adolescentes suecos encontrou os mesmos resultados. Os pesquisadores dizem que é possível que, se os meninos são mais ativos do que as meninas em geral, um pouco de exercício extra durante o trajeto à escola não faria muita diferença.
Outra possibilidade é que as diferenças cerebrais entre meninos e meninas os levam a responder ao exercício de forma diferente. [MSN]