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Milhões de ‘estrelas espelho’ invisíveis podem existir na Via Láctea, e os astrônomos sabem como encontrá-las

Um reino oculto de corpos celestes, como estrelas, nebulosas e galáxias compostas inteiramente de matéria escura, pode realmente existir. Astrônomos desenvolveram métodos para procurar por este domínio escondido, abrindo novos caminhos na pesquisa espacial.

Essencialmente, a matéria escura continua sendo um grande mistério. Diversos sinais independentes apoiam a existência de um tipo de matéria no universo que é praticamente indetectável. Ela não reage à luz, mas exerce uma força gravitacional sobre a matéria comum. A matéria escura é crucial para manter as galáxias unidas, apesar de suas altas velocidades de rotação, e para manter a coesão do gás em aglomerados, apesar de sua alta temperatura. Ela também altera a trajetória da luz através do universo e influencia a formação das maiores estruturas cósmicas.

Embora existam evidências de sua presença, a natureza exata das partículas de matéria escura ainda é desconhecida. Durante muitos anos, cientistas acreditaram na existência de um único tipo de partícula de matéria escura. No entanto, especulações recentes sugerem que a matéria escura pode ser tão diversa quanto o universo visível. Algumas teorias em física de alta energia indicam a possibilidade de um conjunto paralelo de partículas, um “espelho” para cada partícula no reino da matéria normal. Este universo alternativo poderia consistir em versões escuras de elétrons, quarks, neutrinos, entre outros, interagindo através de forças fundamentais únicas e desconhecidas para nós.

Este universo paralelo, embora onipresente, permanece invisível. Um grupo de astrônomos explorou esta hipótese em um estudo, ainda não revisado por pares, publicado em 29 de novembro no servidor de pré-impressão arXiv. Eles propõem que as ‘estrelas espelho’ podem ser detectáveis, apresentando características diferentes de qualquer coisa previamente observada.

As ‘estrelas espelho’ se originariam da interação e perda de energia de diferentes tipos de matéria escura, formando aglomerados de maneira similar à formação de estrelas comuns. Estrelas normais se formam através do colapso gravitacional de hidrogênio e hélio, emitindo luz ao liberarem fótons. Em contraste, as ‘estrelas espelho’ emitiriam ‘fótons escuros’, invisíveis para nós.

A Via Láctea, sozinha, poderia abrigar incontáveis ‘estrelas escuras’, considerando que a matéria escura compõe cerca de 80% da massa de uma galáxia.

Importante ressaltar, estas ‘estrelas espelho’ exercem forças gravitacionais, evidência primária da existência da matéria escura. Elas atrairiam gás e poeira interestelar, fazendo com que essa matéria comum formasse ‘nuggets’. À medida que estes ‘nuggets’ colapsam, eles emitem radiação, assemelhando-se àquela de uma estrela comum, mas aparecendo mais avermelhados e menos luminosos devido às suas temperaturas mais baixas e tamanhos menores.

No entanto, esses ‘nuggets’ poderiam ser diferenciados de outros corpos celestes pouco luminosos, como anãs brancas ou nebulosas planetárias, através dos comprimentos de onda únicos de sua radiação eletromagnética. Um objeto aparentemente semelhante a uma anã branca, mas com um espectro atípico, pode indicar um ‘nugget’ alojado dentro de uma ‘estrela espelho’. Além disso, esses ‘nuggets’ emitiriam luz em comprimentos de onda não encontrados em nebulosas planetárias típicas.

Enquanto o conceito de um universo espelho permanece especulativo, ele é uma ideia cientificamente testável. Se as ‘estrelas espelho’ existirem, elas podem abrigar esses ‘nuggets’, e com pesquisas astronômicas extensas e sensíveis, poderíamos ser capazes de detectá-los. [Live Science]

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