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Misdirection — psicologia da falsa direção

Você pode ser a vítima

Numa rápida tradução do inglês misdirection significaria simplesmente “desorientação”, “distração” ou “despiste”, no entanto, esse termo quer significar muito mais que isso.

Principalmente no mundo do ilusionismo.

Um prestidigitador usa de suas habilidades (e eventualmente de alguma tecnologia) para criar um mundo de ilusões — onde o fabuloso, o incrível e o desconcertante tornam-se possíveis.

E o tal do misdirection é estabelecido como sendo um dos principais pilares dessas habilidades.

A má notícia, no entanto,  é que tal técnica pode ser usada até por batedores de carteira.

Sem exagero.

Como o demonstrado, por exemplo, no vídeo da TEDGlobal  por Apollo Robins — um dos mais aclamados “artistas” desse ramo de atividade — quem domina tal técnica é capaz de roubar a carteira, o relógio e o dinheiro de uma pessoa sem que a vítima se advirta do ocorrido.

[O link para o vídeo está postado logo abaixo, no fim desse artigo e com legendas em português.]

O mesmo pode acontecer com segredos comerciais e industriais: — existem quadrilhas especializadas nisso.

O mesmo pode acontecer com sua própria individualidade: — quanto tempo roubaram de você hoje?

Mas o que vem a ser misdirection mesmo?

O grande mágico australiano Jean Hugard, célebre pela criação de interessantes truques com baralho, afirma que tal princípio desempenha um papel tão importante na mágica que praticamente se confunde com a própria arte em si.

Dariel Fitzkee o conceitua como sendo um conjunto de técnicas utilizadas pelo ilusionista para gerenciar a atenção de sua plateia, de tal forma que essa esteja sempre focada no maravilhoso, no encantador e surpreendente que o mundo da mágica proporciona, e, consequentemente, não consiga perceber o mecanismo que cria a ilusão.

Seja um simples truque de bolso, seja uma grande produção em Las Vegas, o encantamento da mágica se deve em grande parte a correta execução desse conjunto de técnicas.

Embora seja difícil dizer quem primeiro cunhou o termo “misdirection”, uma referência prévia foi feita pelo influente ator e escritor, Nevil Maskelyne, afirmando que tal arte “consiste reconhecidamente em ludibriar os sentidos do espectador, de modo que este desvie o foco de sua atenção de alguns detalhes reveladores do truque de mágica, para os quais o sigilo é imprescindível.

O mesmo princípio é defendido, quase que simultaneamente pelos grandes mágicos ilusionistas e também autores de importantes manuais: Harlan Tarbell e Henry Hay.

Ambos preconizam:

“Quase toda a arte da prestidigitação depende da arte da desorientação”.

Psicologia da falsa direção

Sem querer ter a pretensão de esgotar o tema, é possível caracterizar a técnica em duas formas básicas de “gerenciar a atenção” de seu público.

Na primeira abordagem, que é dita “urgente”, o público é incentivado a desviar sua atenção por apenas um momento fugaz, para que o truque ou movimento de prestidigitação possa ser realizado sem ser detectado.

Na segunda abordagem, menos sensível ao tempo e muito mais realinhada ao espetáculo em si, a atenção do público é guiada para fatores externos e fantásticos, que acariciam a imaginação muito mais que os sentidos.

Isso faz com que a arte da mágica se aproxime, e muito, da arte teatral — daí que os grandes mágicos ilusionistas, além de serem extremamente habilidosos nas técnicas de seu métier são reconhecidamente ótimos atores.

Segundo Mario Mendonça, no Brasil, todo esse arsenal de recursos que caracterizam o termo misdirection pode ser enquadrado na expressão “Psicologia da falsa direção” — onde a atenção é gerenciada para focar um evento secundário que distrai o público e mantém a ilusão criada pelo truque.

Assim o ilusionista pode orientar e guiar a atenção de sua plateia valendo-se de seu próprio olhar, de seu discurso, de seus gestos (movimentos e coreografias) ou por meio de sons, objetos e de pessoas — sempre com o objetivo de iludir e mostrar algo surpreendente e maravilhoso.

Seria ótimo se tais recursos se restringissem tão somente ao show business.

Enquanto um ilusionista nos diverte e maravilha com essa arte, outros podem utilizá-la para fins menos nobres.

E como fazer para nos proteger desse tipo de abordagem?

Esse será o assunto de nosso próximo artigo. Não perca!

Artigo de Mustafá Ali Kanso 

VIDEO DE APOLLO ROBINS – MISDIRECTION “A ARTE DA ILUSÃO”

[Leia os outros artigos  de Mustafá Ali Kanso  publicado semanalmente aqui no Hypescience. Comente também no FACEBOOK – Mustafá Ibn Ali Kanso ]

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LEIA A SINOPSE DO LIVRO A COR DA TEMPESTADE DE Mustafá Ali Kanso

[O LIVRO ENCONTRA-SE À VENDA NA SPACE CASTLE BOOKSTORE].

Ciência, ficção científica, valores morais, história e uma dose generosa de romantismo – eis a receita de sucesso de A Cor da Tempestade.

Trata-se de uma coletânea de contos do escritor e professor paranaense Mustafá Ali Kanso (premiado em 2004 com o primeiro lugar pelo conto “Propriedade Intelectual” e o sexto lugar pelo conto “A Teoria” (Singularis Verita) no II Concurso Nacional de Contos promovido pela revista Scarium).

Publicado em 2011 pela Editora Multifoco, A Cor da Tempestade já está em sua 2ª edição – tendo sido a obra mais vendida no MEGACON 2014 (encontro da comunidade nerd, geek, otaku, de ficção científica, fantasia e terror fantástico) ocorrido em 5 de julho, na cidade de Curitiba.

Entre os contos publicados nessa coletânea destacam-se: “Herdeiro dos Ventos” e “Uma carta para Guinevere” que juntamente com obras de Clarice Lispector foram, em 2010, tópicos de abordagem literária do tema “Love and its Disorders” no “4th International Congress of Fundamental Psychopathology.”

Prefaciada pelo renomado escritor e cineasta brasileiro André Carneiro, esta obra não é apenas fruto da imaginação fértil do autor, trata-se também de uma mostra do ser humano em suas várias faces; uma viagem que permeia dois mundos surreais e desconhecidos – aquele que há dentro e o que há fora de nós.

Em sua obra, Mustafá Ali Kanso contempla o leitor com uma literatura de linguagem simples e acessível a todos os públicos.

É possível sentir-se como um espectador numa sala reservada, testemunha ocular de algo maravilhoso e até mesmo uma personagem parte do enredo.

A ficção mistura-se com a realidade rotineira de modo que o improvável parece perfeitamente possível.

Ao leitor um conselho: ao abrir as páginas deste livro, esteja atento a todo e qualquer detalhe; você irá se surpreender ao descobrir o significado da cor da tempestade.

[Sinopse escrita por Núrya Ramos  em seu blogue Oráculo de Cassandra]

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