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Mortes misteriosas de turistas na Ásia: o que está acontecendo?

Esse ano, em 30 de julho, duas amigas, Kari Bowerman, 27, e Cathy Huynh, 26, foram recebidas no hospital Khanh Hoa General Hospital, em Nha Trang, no Vietnã, vomitando, com dificuldade de respirar e com sinais de desidratação grave.

As meninas, viajantes experientes, estavam no país a turismo, numa pausa de seus trabalhos como professoras de inglês na Coreia do Sul.

Três horas após ser admitida, Kari faleceu de insuficiência respiratória. Cathy foi liberada, mas, dois dias depois, faleceu também. Por quê? O que aconteceu? O que causou a morte das amigas? Ninguém sabe.

“Tem sido um pesadelo tentar obter informações”, conta Jennifer Jaques, irmã de Kari. “Não há relatos do hospital. Não há relatório da polícia. Nada. O que aconteceu com ela, precisamos ter certeza de que não aconteça com outra pessoa”.

Ou melhor, com mais alguma pessoa. Isso porque esses dois casos são apenas os mais recentes de uma série de acontecimentos parecidos no sudeste da Ásia.

Histórico de turistas mortos

A mídia internacional ligou as mortes recentes a outros incidentes semelhantes, como um caso na Tailândia em junho, em que duas irmãs canadenses morreram. Uma empregada de hotel encontrou Noemi e Audrey Belanger, 25 e 20, cobertas de vômito em seu quarto na Ilha Phi Phi, mais de 12 horas depois de suas mortes.

Em fevereiro de 2011, a residente de Nova Zelândia Sarah Carter, 23 anos, morreu em Chiang Mai, na Tailândia, depois de chegar a um hospital local com pressão arterial baixa, dificuldade de respiração e desidratação por vômitos. No mesmo hotel – Downtown Inn -, três outros visitantes (um guia turístico tailandês e um casal de idosos britânicos) também morreram entre janeiro e maio de 2011.

A mídia também liga a morte das amigas às mortes de Jill St. Onge e Julie Bergheim em 2009, que faleceram com sintomas semelhantes na Pousada Laleena (que já trocou de nome) na ilha de Phi Phi.

Os parentes de Kari, lendo história após história, todas similares à sua, perceberam que não eram a única família frustrada e confusa.

Kari e Cathy eram viajantes experientes. Kari já havia lecionado por dois anos na Coreia do Sul, e estava em sua segunda temporada a pedido da escola. Cathy já tinha viajado de férias para a China, Cuba e Estados Unidos. Ambas já tinham estado no Vietnã antes e Cathy até falava a língua local.

Jason Von Seth, amigo de Kari, postou sobre sua morte no Facebook, e e-mails começaram a inundar. Viajante frequente também, Von Seth possui grande rede de amizades internacionais, que nunca tinham ouvido falar sobre essa série de mortes misteriosas na Ásia – e expressaram preocupação.

Sendo assim, ele lançou uma página no Facebook chamada Protected Travels (“viagens protegidas”), que ele espera que se torne uma comunidade de cidadãos globais que troquem informações sobre os desafios de viajar no exterior, mantendo os amantes do mundo informados.

Respostas

A causa da morte em cada caso é estranhamente similar: “Indeterminada”. Especulações surgiram em cada situação, que vão desde intoxicação por álcool a algo que as vítimas comeram.

Investigadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) suspeitam de envenenamento, mas a determinação da origem dos casos tem sido difícil.

Em 2011, um programa de TV viajou para Chiang Mai, na Tailândia, em busca de evidências no caso Sarah Carter, e falou com o Dr. Ron McDowall, um consultor das Nações Unidas sobre tóxicos, que reviu os relatórios de patologia e informou que acreditava que Sarah tinha morrido de ingestão de pesticidas.

Amostras coletadas pelo programa no Downtown Inn apresentavam níveis moderados do inseticida clorpirifós, que, segundo a
Agência de Proteção Ambiental americana, pode causar náuseas, tonturas, confusão e, em níveis elevados, paralisia respiratória e morte.

O produto químico é proibido para uso em residências e hotéis na maioria dos países, porém, de acordo com McDowall, ainda é legal na Tailândia e no Vietnã.

Evidências para a teoria do inseticida estão se agrupando. A polícia tailandesa anunciou recentemente que encontrou vestígios do repelente de insetos DEET nos corpos das irmãs Belanger, que os investigadores acreditam ter sido adicionado como um ingrediente para um cocktail popular servido na ilha.

O Departamento de Controle de Doenças da Tailândia concluiu que três das mortes ocorridas no país estão “provavelmente ligadas ao uso de agrotóxicos”.

Apenas “provavelmente”? O problema é que o envenenamento químico é muito difícil de determinar, conforme explica McDowall.
A semivida de clorpirifós, ou a quantidade de tempo que decorre antes de metade da quantidade original desaparecer, é de cerca de um dia em seres humanos.

Já as autoridades vietnamitas deram muito pouca informação sobre a causa da morte de Kari e Cathy.

Sobreviventes acreditam que encontrar a causa exata dessas mortes misteriosas deve ser considerada uma prioridade de saúde no momento, já que é a forma mais fácil de evitar que casos parecidos se repitam. Por enquanto, a dica é tomar cuidado se estiver no sudeste asiático.[CNN, Inquisitr, Examiner]

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