Segundo uma nova pesquisa, uma mutação genética, possivelmente ligada à resistência à malária, pode ter ajudado a impulsionar a evolução do gênero Homo, o ancestral dos humanos antigos.
A mutação afetou um tipo de molécula de açúcar, Neu5Gc, produzida pelos hominídeos primitivos, os primeiros grandes símios (macacos).
Cerca de 2 milhões ou 3 milhões de anos atrás, conforme nossos ancestrais Homo ergaster e Homo erectus surgiram na África, uma mutação genética interrompeu a produção dessa molécula, e o sistema imunológico pré-humano começou a reconhecê-la como uma ameaça.
Como resultado, alguns hominídeos já não teriam sido capazes de acasalar e produzir descendentes com outras populações, potencialmente separando os primeiros seres humanos de outros primatas.
“Com o tempo, esta incompatibilidade reduziria e eliminaria os indivíduos com Neu5Gc”, concluiu o pesquisador Pascal Gagneux da Universidade da Califórnia, EUA.
As células se comunicam com outras células usando moléculas de açúcar que ligam as laterais de suas membranas. Um tipo de molécula de açúcar é o ácido siálico, que é encontrado em todas as células animais.
Até cerca de 3 milhões de anos atrás, os ancestrais comuns de humanos e outros primatas compartilhavam Neu5Gc, um tipo de ácido siálico; então, algo mudou.
Uma mutação genética parou a produção de Neu5Gc em ancestrais humanos, possivelmente porque esta mutação ajudou a evitar um tipo de malária que infecta os chimpanzés até hoje.
Em vez disso, os ancestrais humanos com a mutação criaram uma versão diferente do ácido siálico, Neu5Ac.
Aqui é onde o sistema imunológico entra em ação: o corpo do ancestral humano começou a ver o Neu5Gc como uma ameaça, e criou uma resposta imune contra ele. Essa resposta teria um grande efeito sobre a reprodução humana no passado.
Os pesquisadores testaram a ideia expondo esperma de chimpanzé com Neu5Gc a anticorpos humanos para a molécula. Com certeza, os anticorpos mataram o esperma de chimpanzé.
Em outras palavras, uma pequena mudança em uma pequena molécula poderia ter ajudado as populações antigas a se divergirem umas das outras, pois só ancestrais Neu5Ac positivo poderiam acasalar com outros Neu5Ac positivo , e os ancestrais humanos sem a mutação eram incapazes de produzir uma prole maior.[LiveScience]