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Não se fazem mais homens como antigamente

Se você acredita que “não se fazem mais homens como antigamente”, saiba que existe mais gente que pensa, principalmente executivos da TV dos Estados Unidos. Afinal, os homens se tornaram “menos homens” com o passar do tempo?

Uma grande variedade de programas recém-anunciados para estrear este mês nos EUA discute o crescimento do “homem-fracote”, que tem necessidade urgente de “redescobrir a sua masculinidade”. Exemplos não faltam.

“Como Ser um Cavalheiro” mostra um escritor metrossexual que contrata um especialista para “des-desmunhecá-lo”. Em “Último Homem em Pé”, Tim Allen interpreta um executivo de empresa de artigos esportivos cercado por homens afeminados. “Man Up” conta a história de um grupo de amigos homens preocupados por terem perdido o contato com seus guerreiros interiores.

E finalmente em “Work It” dois caras se vestem de drag queen para arranjar emprego como representantes farmacêuticos (de que forma ser drag ajuda nesse caso, só assistindo o programa). Depois de tantos atentados à sua masculinidade, sua contagem de espermatozoides já deve até estar menor.

Independente se você vai efetivamente assistir esses atentados à masculinidade, o fato é que o assunto está em voga novamente. O que é interessante sobre a tendência é que, em muitos aspectos, uma das razões pelas quais continuamos a ouvir sobre a “crise da masculinidade” é porque ele estão sendo ameaçados pelo avanço das mulheres.

Esta mentalidade ignora completamente a possibilidade de que elas ganham espaço e poder na sociedade enquanto eles mantêm o status anterior. Parece que os gêneros estão em uma balança: se um está em cima, o outro necessariamente precisa ir para baixo.

Outro ponto a ser levado em consideração é se os programas de TV realmente refletem a sociedade. Faça um teste: quantas vezes você já ouviu um grupo de homens dizer que está seriamente preocupado em perder contato com seu “guerreiro interior”? O conteúdo dessas novas atrações parece um pouco demais.

Em “Último Homem em Pé”, Tim Allen dá um showzinho: “O que aconteceu com os homens!? Nós costumávamos construir cidades apenas para que pudéssemos acabar com elas!”. A esposa de um dos personagens de “Man Up” também alfineta: “Seu avô lutou na Segunda Guerra Mundial, seu pai lutou no Vietnã, mas você joga vídeo game e usa sabonete líquido de romã”.

Um artigo de 2008 da revista “Feministe” comenta o assunto usando como exemplo as observações feitas pelo pastor Ken Hutcherson: “Deus odeia os homens suaves e afeminados”. Também disse: “Se eu estivesse em uma farmácia e um cara segurasse a porta para mim, eu iria arrancar-lhe o braço e usar o membro para bater nele”.

O artigo prossegue: “Como o esperado, Hutcherson depois se defendeu dizendo que era uma piada. Há algo de muito, muito errado com a masculinidade como premissa para a violência. E há algo de muito, muito errado com uma masculinidade que vê a feminilidade como forma insultuosa, contra a qual os homens devem reagir com indignação completa se alguém os trata como uma ‘mulher’, segurando a porta”.

A ideia de que os homens que possuem traços femininos – embora pareça que nem mesmo esses programas de TV sabem ao certo quais são essas características (além de não lutar em uma guerra) – são considerados seres repulsivos e inúteis é uma noção muito perigosa.

Vivemos um período de aumento da conscientização dos papéis de gênero, bem como de maior atenção à forma como ele é prejudicial para ambas as partes. No entanto, o fato de que a televisão nos mostra um tipo particular de masculinidade que coloca o foco na dominação e submissão pode ser desconcertante.[Jezebel]

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