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Nascer no inverno pode afetar a personalidade de uma pessoa

Segundo um novo estudo, nascer no inverno pode afetar o relógio biológico das pessoas a longo prazo. A descoberta é a primeira do tipo em mamíferos, e poderia explicar por que as pessoas nascidas no inverno têm maior risco para transtornos mentais, incluindo depressão bipolar, esquizofrenia e transtorno afetivo sazonal.

Os cientistas sabem que o relógio biológico regula o humor em humanos. Se um mecanismo semelhante ao encontrado na pesquisa recente, realizada com ratos, operar nos seres humanos, então isso não só pode ter um efeito sobre uma série de distúrbios comportamentais, como também pode ter um efeito mais geral sobre a personalidade das pessoas.

Os cientistas perceberam que os ratos nascidos e desmamados em um ciclo de luz de inverno apresentaram rupturas dramáticas em seus relógios biológicos mais tarde na vida, em comparação com ratos nascidos na luz do verão.

A pesquisa focou no nascimento até o desamamento de ratos (cerca de três semanas), em ciclos de verão (16 horas de luz e 8 horas de escuridão) ou de inverno (8 horas de luz e 16 horas de escuridão). Um terceiro grupo de ratos ficou com um ciclo de 12 horas de luz e 12 horas de escuridão.

Depois de terem sido desmamados, os ratos entraram em novos ciclos de luz. Metade dos ratos de inverno continuou em um ciclo de inverno, enquanto metade mudou para um horário de verão. Os ratos de verão foram igualmente divididos. Os ratos criados em iguais períodos de luz e escuridão foram divididos em três grupos: um permaneceu no horário de 12 horas, um se juntou ao grupo de inverno, e um se juntou ao grupo de verão.

Após 28 dias, todos os ratos entraram em um ambiente de escuridão contínuo, eliminando os sinais de luz que influenciam o relógio biológico. Dessa forma, os pesquisadores puderam determinar o ciclo biológico intrínseco de cada rato.

Os pesquisadores descobriram que os sinais de luz podiam moldar o desenvolvimento do relógio biológico dos ratos. Os ratos nascidos no verão comportaram-se da mesma forma quando mudaram para o ciclo de inverno. Eles permaneciam ativos até o crepúsculo, continuamente por 10 horas, e depois descansavam por 14 horas.

Mas os ratos nascidos no inverno não reagiram bem à substituição de ciclo. Aqueles que permaneceram no inverno mantiveram suas 10 horas acordados e 14 descansando, mas os que mudaram para o ciclo de verão permaneceram ativos por mais uma hora e meia.

Os pesquisadores usaram uma linhagem de ratos geneticamente modificados para que seus neurônios no relógio biológico ficassem verdes quando ativos. Eles monitoraram uma área do cérebro dos ratos chamada de núcleo supraquiasmático (NSQ), que fica no meio do cérebro e abriga o relógio biológico.

O comportamento dos ratos condisse com a atividade em seus NSQs. Nos ratos nascidos no verão, a atividade NSQ chegou ao pico ao anoitecer e continuou por 10 horas, coincidindo com o tempo dos animais. Os ratos nascidos no inverno que permaneceram neste ciclo tiveram um pico de atividade de uma hora após o crepúsculo, que durou 10 horas.

Nos ratos de inverno que mudaram de temporada, no entanto, a atividade do relógio biológico chegou ao pico duas horas antes do anoitecer, e continuou por 12 horas. Os ratos que receberam quantidades iguais de luz apresentaram variações que ficaram entre os dois extremos, com 11 horas de atividade NSQ, independentemente do ciclo que ficaram.

Os pesquisadores ainda não sabem se os seres humanos podem ter respostas semelhantes a essas quanto à exposição à luz no início da vida. Porém, eles afirmam que a resposta dos ratos nascidos no inverno à mudança das estações foi surpreendentemente similar ao transtorno afetivo sazonal humano.

Embora a pesquisa tenha mostrado que o nascimento no inverno aumenta o risco de certos transtornos mentais, há muitos fatores que podem estar em jogo, incluindo a exposição à gripe ou outras doenças sazonais.

Sendo assim, os cientistas dizem que a constatação de que a luz na infância pode desempenhar um papel mais tarde na vida pode ser importante para a compreensão de como esses transtornos surgem. [LiveScience]

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