Neurocientistas removeram com sucesso fobias específicas dos cérebros das pessoas

Por , em 30.11.2016

Neurocientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram como remover medos específicos dos cérebros de pacientes, usando uma combinação de inteligência artificial e tecnologia de varredura cerebral.

O processo, chamado de “neurofeedback decodificado”, não requer nenhum esforço consciente por parte do sujeito para superar seus medos. Ele depende de identificar padrões cerebrais relacionados a um certo medo, que são então “substituídos” usando um sistema de recompensa.

Os pesquisadores dizem que a técnica poderia eventualmente ser usada para ajudar a tratar condições como o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

O experimento

Trabalhando com 17 voluntários, cientistas liderados pelo pesquisador Ben Seymour primeiro criaram uma “memória de medo” nos participantes, associando uma determinada imagem com um breve choque elétrico.

Durante os três dias seguintes, os voluntários receberam uma pequena quantia de dinheiro como recompensa sempre que o mesmo padrão cerebral foi detectado. Os participantes foram informados de que a recompensa dependia de sua atividade cerebral, mas não sabiam como.

O objetivo era associar gradualmente o padrão cerebral com uma recompensa ao invés de algo assustador, mesmo quando a imagem do medo não foi conscientemente trazida à mente.

“As características da memória que foram previamente ajustadas para prever o choque doloroso foram reprogramadas para prever algo positivo em vez disso”, disse o pesquisador de inteligência artificial Ai Koizumi, do Instituto Internacional de Pesquisa Avançada em Telecomunicações, em Kyoto, no Japão.

Sucesso

O verdadeiro teste foi como os participantes reagiram quando viram o conjunto original assustador de imagens.
Os pesquisadores não detectaram sinais de medo ou atividade aumentada na amígdala, a região do cérebro que processa essa emoção, nos voluntários.

“Isso significa que fomos capazes de reduzir a memória do medo sem que os voluntários conscientemente experimentassem essa memória no processo”, explica Koizumi.

O tratamento tradicional para fobias é a terapia de exposição, que envolve expor as pessoas com transtornos de ansiedade à causa de sua ansiedade em um ambiente seguro – é a velha ideia de “enfrentar seus medos” para superá-los.

A equipe por trás do novo estudo acha que podemos melhorar esse tratamento, sem precisar fazer uma pessoa com medo de aranhas, por exemplo, segurar uma.

Tratamento

Embora o tamanho da amostra neste estudo tenha sido pequeno, os pesquisadores pensam que sua nova técnica poderia ser desenvolvida para criar uma maneira menos estressante de ajudar as pessoas a superar seus medos.

“Para aplicar isso aos pacientes, precisamos construir uma biblioteca de códigos de informações cerebrais para as várias coisas das quais as pessoas podem ter um medo patológico”, afirma Seymour. “Em princípio, os pacientes poderiam ter sessões regulares de neurofeedback decodificado para remover gradualmente a resposta de medo que essas memórias provocam”.

As descobertas do estudo foram publicadas na revista Nature Human Behavior. [ScienceAlert]

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