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Neutrinos e a dança cósmica da luz: Novas descobertas no Universo

A coroa solar, ou atmosfera, foi registrada durante um eclipse total em 2 de julho de 2019. (ESA/CESAR)

Os neutrinos, essas partículas elusivas que navegam sem esforço pelo cosmos, podem possuir a capacidade de interagir com a luz, de acordo com cálculos recentes. Essas interações são sugeridas como ocorrendo em campos magnéticos poderosos comumente encontrados no plasma que envolve estrelas.

Essa revelação tem o potencial de lançar luz sobre o enigmático fenômeno de por que a atmosfera do Sol é significativamente mais quente do que sua superfície. Os físicos Kenzo Ishikawa e Yutaka Tobita da Universidade de Hokkaido, juntamente com sua equipe, têm como objetivo aprofundar-se nos mistérios dessas partículas fantasmas.

Ishikawa enfatiza a importância de suas descobertas, afirmando: “Nossos resultados têm uma importância fundamental para desvendar as interações quânticas envolvendo alguns dos constituintes mais fundamentais da matéria.” Ele acrescenta que essas informações podem também facilitar uma melhor compreensão de ocorrências atualmente pouco compreendidas dentro do Sol e outros corpos celestes.

Os neutrinos, classificados em segundo lugar apenas em termos de abundância no Universo, tendem a manter sua solidão, principalmente devido à sua massa minúscula e interação limitada com a matéria. Para os neutrinos, o Universo parece um reino insubstancial por meio do qual eles atravessam facilmente. Surpreendentemente, bilhões de neutrinos estão atualmente atravessando cada um de nós, como fantasmas imperceptíveis.

No entanto, os cientistas percebem os neutrinos como instrumentos potenciais para explorar fenômenos astrofísicos, decifrar a natureza fundamental do Universo e aprimorar nossa compreensão da física de partículas. Descobrir se e como os neutrinos interagem com o Universo poderia não apenas divulgar informações sobre os próprios neutrinos, mas também iluminar o campo das interações de partículas e do Universo quântico.

O trabalho realizado por Ishikawa e Tobita é fundamentado na teoria, recorrendo à análise matemática para identificar condições propícias para as interações de neutrinos com partículas eletromagnéticas conhecidas como fótons. Sua pesquisa descobriu que o plasma altamente magnetizado, caracterizado por cargas positivas ou negativas resultantes da adição ou subtração de elétrons, fornece o pano de fundo adequado para tais interações.

Sob circunstâncias “clássicas” normais, os neutrinos permanecem inertes aos fótons, esclarece Ishikawa. No entanto, sua pesquisa iluminou os meios pelos quais os neutrinos e fótons podem ser instigados a interagir nos campos magnéticos uniformes em uma escala imensa, atingindo até 103 quilômetros, como observado no plasma que envolve estrelas.

Anteriormente, Ishikawa e Tobita haviam explorado o papel potencial de um conceito teórico chamado efeito Hall eletrofraco na facilitação das interações de neutrinos na atmosfera solar. Esse fenômeno ocorre quando, sob condições extremas, duas das forças fundamentais do Universo, o eletromagnetismo e a força fraca, se fundem em uma única entidade unificada.

De acordo com a teoria eletrofraca, os neutrinos poderiam interagir com fótons, de acordo com as descobertas dos pesquisadores. Se a atmosfera de uma estrela pudesse criar as condições necessárias para o efeito Hall eletrofraco, tais interações poderiam estar ocorrendo lá.

Em seu trabalho acadêmico, Ishikawa e Tobita exploram os estados de energia exibidos pelo sistema composto por fótons e neutrinos durante essa interação.

Ishikawa destaca as amplas implicações de sua pesquisa, dizendo: “Além de contribuir para nossa compreensão da física fundamental, nosso trabalho pode também ajudar a explicar algo chamado quebra-cabeça do aquecimento da corona solar”. Ele esclarece que esse mistério de longa data diz respeito ao mecanismo responsável pelo fato de a camada mais externa do Sol, a corona, ser substancialmente mais quente do que sua superfície. Sua pesquisa sugere que a interação entre neutrinos e fótons poderia liberar energia, aquecendo assim a corona solar.

Olhando para o futuro, Ishikawa e Tobita aspiram conduzir mais investigações sobre a dinâmica da troca de energia entre neutrinos e fótons em ambientes extremos. Isso pode nos levar a novos insights sobre o funcionamento do Universo e suas interações fundamentais. [Science Alert]

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