Refletindo se aquele cara fantástico que você anda conversando online é mesmo um atleta, forte, inteligente, fluente em seis línguas?
De acordo com um novo estudo, as chances de ele ser isso mesmo são pequenas, e a de ele estar mentindo enquanto usa o computador, muito grandes.
“Eu não diria que os seres humanos são simplesmente um bando de mentirosos”, afirma Robert S. Feldman, professor de psicologia na Universidade de Massachusetts, EUA. “Mas digo que é muito fácil mentir”.
Isso é ainda mais verdadeiro quando estamos online, de acordo com a pesquisa.
Em um novo artigo, Feldman descobriu que quanto mais perto as pessoas estão, mais difícil é mentir. O oposto também acontece: quando mais longe, mais mentiras.
Nesse estudo, Feldman recrutou 110 alunos da universidade, divididos igualmente entre os sexos, e pediu para que se conhecessem por aproximadamente 15 minutos. Uma parte do grupo fez isso cara a cara, e outra por e-mail. Depois, o professor passou uma gravação ou transcrição da conversa e pediu para que eles falassem quando haviam dito uma mentira.
“No começo, ninguém quis dizer que estava mentindo”, afirma. “Mas depois entramos na brincadeira. Aconteceu que quase 70% dos envolvidos disse ter mentido em algum ponto. E o total de mentiras foi quase três vezes maior por e-mail do que pessoalmente”.
Porque é tão mais fácil mentir por e-mail (ou mensagens isntântaneas) do que cara a cara?
“É fácil mentir online primeiramente porque a distância psicológica entre os dois é maior”, comenta Feldman. “Quando a pessoa está na sua frente, você vê as reações ao que você diz, sabe que elas podem ver. Mas online você conversa com uma pessoa sem corpo. Não vê as reações, e eu penso que isso dá a liberdade de ser mais enganoso”.
Ele afirma que, em seu estudo, a maioria das mentiras era leve, como concordar com alguém sobre a qualidade de um filme. Mas outras eram mais ambiciosas.
“Alguns disseram que estiveram em um lugar que nunca foram, ou que eram capitães de equipes de faculdade”, comenta. “As mentiras variaram em termos de profundidade. Algumas foram pequenas, outras eram loucuras completas”.
Rebecca Price, uma executiva de 34 anos de Seattle, EUA, admite que praticou algumas grandes enganações virtuais nos seus tempos de faculdade.
“Quando as salas de bate papo eram famosas, eu usava fotos de Meg Ryan como perfil”, comenta. “E nenhum dos caras com que eu falava notou. O que importava era se a foto do perfil era bonita. Eu também costumava dizer que era uma modelo aposentada. Outras vezes dizia que era uma mãe solteira. Era minha história favorita”.
Feldman afirma que mentir é tão fácil que nós quase esperamos – e queremos – isso.
“Nós não queremos necessariamente ouvir a verdade”, afirma ele. “Muitas vezes há quase uma espécie de conspiração entre as pessoas. Se alguém diz que diz que você foi bem em um trabalho ou apresentação, você não questiona isso. Aceita totalmente. Você talvez suspeite que não foi tão bem assim, mas porque ir contra?”.[MSN]