A primatóloga inglesa Jane Goodall, que fez época estudando chimpanzés na Tanzânia desde 1960, fornece-nos provas contundentes de que somos mais parecidos com esses primatas do que imaginávamos. Basta ler alguns de seus artigos ou assistir qualquer uma de suas palestras, que pipocam na internet. Recomendo esta. Quem não dominar o inglês, basta selecionar a legenda disponível no idioma desejado.
E se observarmos as diferenças genéticas entre seres humanos e chimpanzés, a proximidade é ainda mais chocante. Segundo reportagem da revista National Geographic, 96% de nosso DNA é similar ao material genético dos grandes primatas. Ou seja, uma diferença de apenas 4% nos distancia desses seres.
E uma dessas diferenças pode ter sido causada por um erro de duplicação do nosso DNA, como sugere nova pesquisa do Instituto de Pesquisa Scripps, em La Jolla, Califórnia, Estados Unidos.
Segundo o estudo, esses erros teriam sido os responsáveis pelo desenvolvimento de características importantes de nosso cérebro, que hoje nos distinguem dos primatas.
Quem disse que um erro é sempre ruim?
Os cientistas norte-americanos testaram as evidências em camundongos e descobriram que esse erro genético fez com que as células nervosas funcionassem mais rapidamente e criassem mais conexões entre si, o que aumentou a organização do cérebro.
A equipe do centro estadunidense vasculhou nosso genoma por essas duplicações e descobriu que muitas delas tiveram, da fato, papéis fundamentais para o desenvolvimento do cérebro. Segundo o biólogo Franck Polleux, um dos responsáveis pelo estudo, existem cerca de 30 genes que foram duplicados em humanos.
É interessante notar que o erro parece ter acontecido em algum momento quando o Australopithecus foi extinto, dando lugar ao gênero Homo, que, por sua vez, deu lugar aos humanos modernos. Aí é que os cérebros de nossos ancestrais começaram a se expandir, e mudanças dramáticas nas habilidades cognitivas começaram a emergir.[LiveScience/TED/NationalGeographic/ScienceDaily]