Nova descoberta agrícola pode acabar com os fertilizantes

Por , em 1.08.2013

A humanidade tem utilizado fertilizantes nitrogenados para sustentar o crescimento das plantações desde a época neolítica. Mas a produção de alimentos em quantidade suficiente para alimentar mais de sete bilhões de bocas exige aplicações pesadas de fertilizantes, e o seu uso excessivo está cobrando um preço muito caro da natureza: danos ambientais nos valores de 91 bilhões a 428 bilhões apenas no continente europeu.

Até agora, as emissões de amônia e óxido de nitrogênio por parte das indústrias de fertilizantes e os enormes impactos ambientais nas zonas marinhas próximas a fazendas causados pelo escoamento de nitrogênio eram considerados males necessários em nome da agricultura. Afinal, injetar fertilizantes no solo era a única maneira de fazer com que as plantas fixassem o nitrogênio necessário. Porém, um pesquisador da Universidade de Nottingham, Inglaterra, acabou de descobrir como forçar cada planta da Terra a retirar o nitrogênio diretamente da atmosfera, sem necessidade de fertilizantes.

O nitrogênio é essencial para plantas e animais. Mas, infelizmente, poucas plantas são capazes de absorvê-lo diretamente do ar. Elas precisam esperar que bactérias no solo o convertam em amônia ou amônio, em um processo conhecido como fixação de nitrogênio. Em seguida, as raízes da planta absorvem essas substâncias e as convertem em nitrato.

As poucas plantas que conseguem captar o nitrogênio atmosférico, especificamente legumes como ervilhas e feijões, o fazem com a ajuda de cianobactérias simbióticas que realizam a fixação do nitrogênio de dentro da própria planta. E é essa relação mutuamente benéfica que o professor Edward Cocking, diretor da Centro de Fixação do Nitrogênio da Universidade de Nottingham, desenvolveu todas as plantações do mundo.

A técnica, conhecida como “N-Fix”, não envolve a modificação do genoma da planta, e sim uma cepa específica de bactérias fixadoras de nitrogênio comumente encontradas na cana-de-açúcar. Essas bactérias podem também colonizar as células de outras espécies vegetais. A maioria das bactérias simbióticas evoluíram para viver apenas em plantas específicas, mas a cepa estudada por Cocking e sua equipe possui a capacidade de se estabelecer em praticamente qualquer lugar, incluindo todas as principais culturas alimentares da humanidade. O N-Fix é aplicado como um revestimento de sementes, quando então as bactérias penetram cada célula da planta em crescimento e lhes dão a capacidades de fixar o nitrogênio.

A universidade tem realizado testes e estudos de segurança sobre esse assunto durante mais de uma década. Recentemente, a empresa Azotic Technologies Ltd está utilizando a tecnologia em experimentos de campo para a aprovação regulatória no Reino Unido, Europa, EUA, Canadá e Brasil. Não há nenhuma palavra ainda sobre quanto tempo isso vai levar, mas, uma vez que este método vingue, vai transformar o nosso mundo. [Gizmondo]

7 comentários

  • leonardo Cristiano:

    Não estou por dentro do assunto, mas a inovação aqui não seria o fato dele ter descoberto uma cepa específica de bactérias, e essa cepa possuir uma grande plasticidade quanto à planta que entra em simbiose? Sendo assim, isso seria uma grande descoberta sim, que tornaria teoricamente qualquer cultivar viável à técnica.

  • Amilton José da Silva:

    O que o homem pode fazer quando usa sua capacidade para o bem comum. Fantástico.

  • Michel Kanemaru:

    Nossa esse assunto não é tão inovador, e nenhuma grandiosa descoberta!
    Muitos agricultores já utilizam sementes tratadas com cepas de bactérias fixadoras de nitrogênio, que foram selecionadas devido sua grande capacidade de fixação.
    Muitas universidades no brasil tem várias pesquisas nesse ambito!

  • Alain:

    esta descoberta já foi feita por Johanna Liesbeth Kubeka Dobereiner, 1924-2000 da Tchekoslovakia naturalisada Brasileira, pesquisadora da EMBRAPA na Universidade federal rural do Rio de Janeiro, em Seropedica. Ela descobriu como utilizar micro organismos na raiz da soja para fixar o Nitrogenio. E conseguiu criar uma variedade de soja que dispensa o uso de fertilisantes. Na época em que o Brasil ainda importava fertilisante para a soja. a EMBRAPA desenvolveu uma variedade de soja adaptada ao solo acido do planato central. O Brasil se tornou o maior exportador de soja, alem de economizar Milhões dispensando a importação de fertilizante nitrogenado.

    • Edimar Casagrande Raasch:

      As pesquisas da Joahanna facilitaram a produção de alimentos no mundo inteiro. Essa pesquisa do texto, trata da bactéria Gluconacetobacter diazotrophicus, que foi identificada pela primeira vez por Johanna no Brasil e outros cientistas da Embrapa já estudaram. Não encontrei uma pesquisa com o enfoque desse entrangeiro, que já patenteou um produto que usa essa bactéria. Não sei como funcionam as patentes que envolvem microrganismos, mas o Brasil tem total capacidade para produzir esse inoculante

  • Anderson Porto:

    Premissa errada: “alimentar mais de sete bilhões de bocas exige aplicações pesadas de fertilizantes”. Isso é mentira, pois o problema não é falta de comida nem de nitrogênio.

  • Julio Barone Neto:

    Mas mesmo assim não nos livra de todos os agroquímicos. Livra?

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