Novas descobertas sempre são interessantes. Mas quando elas são feitas aqui no nosso país, merecem uma dose especial de atenção e empolgação! Afinal, não é todo dia que uma parceria entre cientistas da Universidade de Massachusetts, dos Estados Unidos, e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) anunciam a descoberta de um novo gênero e espécie de um peixe elétrico.
A espécie, encontrada em afluentes do Rio Negro, recebeu o nome de Procerusternarchus pixuna e, segundo a professora Cristina Cox Fernandes da Universidade de Massachusetts, está levando a uma nova interpretação de classificações e interrelações entre grupos estreitamente relacionados.
Cristina Cox Fernandes, juntamente com Adília Nogueira e José Antônio Alves-Gomes, ambos do INPA, descreveram detalhes do novo peixe elétrico em uma publicação norte-americana especializada. Segundo eles, esses peixes recebem esse nome porque de fato possuem órgãos elétricos e padrões de descarga do órgão elétrico (DOE). Fiéis ao nome que recebem, produzem descargas elétricas em pulsos diferentes que podem ser detectadas por alguns outros peixes.
De acordo com a professora Cox Fernandes, com a diversidade de peixes elétricos se tornando mais bem documentada, os pesquisadores serão capazes de explorar as possíveis causas da radiação adaptativa verificada neste grupo de animais ao longo do tempo evolutivo.
No ano passado, a professora contou com a ajuda de colegas como o ictiólogo John Lundberg, da Academia de Ciências da Filadélfia, e outros da Universidade de Cornell e também do próprio INPA, para fazer uma descrição de três outros peixes elétricos. Nessa ocasião, os autores forneceram detalhes sobre as espécies mais abundantes dos chamados “peixes faca fantasma”, uma outra família de peixes elétricos muito comum no Rio Amazonas e seus grandes afluentes.
Cox Fernandes também lembra que, no início de 1990, quando começou seus estudos de comunidades e diversidade de peixes elétricos, menos de 100 espécies eram descritas cientificamente. Hoje, esse número praticamente dobrou. “Como as mudanças ambientais afetam rios em todo o mundo e na região amazônica, a fauna da água doce está sob muitas pressões diferentes. As populações de peixes estão diminuindo devido à poluição, alterações climáticas, construção de usinas hidrelétricas e de outros fatores que resultam em uma perda e modificação do habitat. Assim, a necessidade de documentar essa fauna de peixes atuais tornou-se ainda mais urgente”, concluiu. [Phys]