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Nova teoria para o mistério dos “anéis de fada”, círculos na vegetação africana

Estudiosos da botânica se debruçam há décadas sobre um mistério que ronda pradarias do Deserto da Namíbia, no sul da África. Em meio à vegetação rasteira, formam-se círculos de solo virgem, que variam de 2 a 12 metros de diâmetro. São os chamados “anéis de fada”. Cientistas já atribuíram a formação dos tais anéis a formigas, cupins e até gases que emergem do chão. Mas pesquisadores de duas universidades, na África do Sul e nos Estados Unidos, apareceram com uma nova teoria nesta semana: os círculos seriam resultado de uma competição interna entre as próprias gramíneas.

De acordo com esta ideia, o chão estaria inicialmente revestido de vegetação rasteira de maneira uniforme. O solo do deserto, no entanto, é pobre demais. A oferta reduzida de nutrientes, associada à baixa ocorrência de chuvas, faz com que somente as plantas mais fortes sobrevivam. Para não morrer, elas consomem os recursos das menos resistentes, próximas a elas, que morrem e deixam um pequeno espaço vazio.

O espaço pequeno vira um espaço um pouco maior, que vira um buraco, que acaba se transformando em um reservatório de água e nutrientes, como um bolsão. Quando o círculo se expande, as plantas periféricas passam a viver deste reservatório, que permanece sem plantas. Os tais anéis de fadas, conforme outro estudo indicou, duram cerca de 24 anos, mas podem chegar a 75.

Esta explicação darwiniana foi defendida por especialistas no assunto, já que os círculos são mais comuns justamente em áreas nas quais a umidade e a fertilidade do solo são menores. Ou seja, quanto menos nutriente para todas, maior a competição.

Contradições

A teoria causou impacto entre os pesquisadores, já que contraria uma versão divulgada em março, muito apoiada à época, que culpa os cupins pelos círculos. Segundo esta linha de raciocínio, divulgada pela Universidade de Hamburgo, na Alemanha, os cupins se alimentam das gramíneas por baixo do solo, permitindo que a água da chuva fique armazenada nestes locais. O acúmulo da água, por sua vez, garantiria a sobrevivência dos cupins por mais tempo, em um ciclo que faria o anel de fada se expandir pouco a pouco.

Os pesquisadores sul-africanos que desenvolveram a ideia da competição entre as gramíneas, na verdade, não refutam que os cupins tenham participação. A função deles, segundo a nova pesquisa, é acelerar o processo de abertura do círculo se alimentando das gramíneas já mortas por falta de nutrientes.

Esta ideia, segundo os cientistas, é fácil de comprovar através de teste: bastaria adubar e regar um círculo de fada. Se a teoria da falta de nutrientes estiver certa, a vegetação deve se encarregar de fechar o buraco aos poucos. [Live Science / G1]

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