Através da utilização de um novo modelo de análise do clima, pesquisadores do Instituto de Estudos Espaciais da Nasa concluíram, que o dióxido de carbono manipula a temperatura da Terra. Apenas o vapor d’água e as nuvens não podem sustentar o efeito estufa sozinhos.
Andrew Lacis, do Instituto, juntamente com David Rind e outros colegas, estudaram o efeito estufa do planeta, e concluiram que os gases de efeito estufa não-condensados, como o dióxido de carbono, ozônio, os clorofluorocarbonetos, óxido nitroso e metano, desempenham um papel central no efeito estufa.
Enquanto o vapor de água e as nuvens são os principais agentes quando se trata de efeito estufa do planeta, Lacis e seus colegas descobriram que o vapor de água e as nuvens por si só não poderia prever “mecanismos de feedback” que ajudam a absorver a radiação infravermelha de saída sem a ajuda dos gases.
Os pesquisadores chegaram à conclusão do seguinte modo: eles aceleraram o modelo climático atual, só que sem aerossois ou gases de efeito estufa sem condensação. O resultado foi que o efeito estufa do planeta “desmoronou”. Isso aconteceu porque o vapor d’água precipitou-se rápido demais da atmosfera. Lacis concluiu que o vapor de água funciona como um processo de feedback que contribui com 50% do efeito estufa, mas não pode sustentar o fenômeno sozinho.
“Nossa simulação de modelagem climática deve ser encarada como uma experiência em física atmosférica, o que ilustra um problema de causa e efeito. Isso nos permitiu obter uma melhor compreensão da mecânica do trabalho de efeito estufa do planeta e nos permitiu demonstrar a relação direta que existe entre a crescente dióxido de carbono atmosférico e aumento da temperatura global “, explica Lacis.
Segundo o estudo, essa informação está diretamente relacionada ao registro geológico, que mostra que os níveis de dióxido de carbono se deslocaram entre 180 partes por milhão durante idades de gelo para cerca de 280 partes por milhão durante períodos interglaciais quentes. Ao longo do século passado, tem havido aumento de um grau Celsius na temperatura global, o que significa que a diferença de temperatura média entre a idade do gelo e os períodos interglaciais é apenas cerca de 5 graus Celsius.
Rind explica ainda que o enquanto o nível de dióxido de carbono aumenta, o vapor d’água volta à atmosfera em quantidades maiores. “Foi isso que derreteu as geleiras que uma vez cobriram a cidade de Nova York”, exemplifica. Segundo ele, estamos em “território desconhecido” hoje, como os níveis de dióxido de carbono quase 390 partes por milhão nesse período “superinterglacial”.
“O resumo da ópera é que o dióxido de carbono atmosférico atua como um termostato para regular a temperatura da Terra”, pontua Lacis. “O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas documentou corretamente o fato de que a atividade industrial é responsável pela rápida expansão dos níveis de dióxido de carbono e outros gases estufa. Não é, pois, de se estranhar que o aquecimento global pode estar ligado diretamente ao aumento observado de dióxido de carbono na atmosfera e à atividade industrial humana em geral”, completa. [Daily Tech]