No segundo ano de faculdade, Elizabeth Holmes imaginou uma maneira de reinventar a antiquada flebotomia – uma incisão praticada na veia, com objetivos diversos (como tirar sangue, por exemplo). No processo, ela iria também revolucionar a medicina preventiva.
Isso foi há uma década. Holmes, agora com 30 anos, largou seus estudos na Universidade de Stanford (EUA) e fundou uma empresa chamada Theranos.
Agora, finalmente apresentou seu serviço de exame de sangue radical em uma farmácia perto da sede da empresa em Palo Alto, Califórnia. O plano é implantar centros de testes em todo o país.
Em vez de inúmeros frascos de sangue – um para cada teste necessário -, Theranos requer apenas uma picada de agulha e uma gota de sangue para realizar centenas de exames, de verificações de colesterol a análises genéticas sofisticadas.
Os resultados são mais rápidos, mais precisos e muito mais baratos do que os métodos convencionais. As implicações são alucinantes. Com o acesso barato e fácil à informação correndo em suas veias, as pessoas terão uma noção sem precedentes sobre sua própria saúde.
“Queríamos tornar a informação de saúde acessível a pessoas em todos os lugares no momento em que é mais importante. Isso significa duas coisas: ser capaz de detectar as condições a tempo de fazer algo sobre elas, e dar acesso a informações que podem capacitar as pessoas a melhorar suas vidas”, disse Holmes.
Nos EUA, Theranos planeja cobrar menos do que 50% dos que os planos de saúde cobram por exames similares. E, ao contrário do resto da indústria de exames, Theranos lista os seus preços em seu site: tipagem sanguínea custa US$ 2,05, colesterol, US$ 2,99, e ferro, US$ 4,45 (cerca de R$ 5, R$ 7 e R$ 11, respectivamente, na cotação atual). Se todos os exames no país norte-americano fossem realizados nesses tipos de preços, bilhões e bilhões de dólares poderiam ser economizados.
“Podemos obter resultados, em média, em menos de quatro horas. E isso pode ser muito útil para médicos e pacientes, porque significa que alguém poderia ir a uma farmácia de manhã para fazer um exame de rotina, e seu médico ver os resultados naquela mesma tarde”, explica a visionária.
E o melhor de tudo: só é necessária uma microamostra do seu sangue, que pode ser usada múltiplas vezes. Se o seu médico ver os resultados e quiser saber mais, você não precisa coletar mais sangue. “O médico pode pedir exames adicionais para acompanhamento, e tudo isto pode ser feito de imediato, usando a mesma amostra”, afirma Holmes.
Não só o exame que Holmes inventou é muito mais rápido e barato, como também é mais eficiente, pois minimiza os erros de laboratório. 93% desses erros estão associados com o que é chamado de processamento pré-analítico – em geral, a parte do processo em que os seres humanos fazem as coisas (como centrifugação manual de uma amostra ou deixar passar muito tempo antes de testar uma amostra, o que põe sua taxa de decomposição em jogo).
No novo exame, não há movimentação nem processamento manual da amostra. O sangue é coletado e colocado em uma caixa que o mantém frio, e depois processado com dispositivos automatizados.
ATUALIZAÇÃO
(2.7.2014)
Recentemente a empresa foi avaliada em U$ 9 bilhões e recebeu U$400 milhões de novos investimentos para desenvolver a tecnologia.
A longo prazo, Elizabeth Holmes espera que sua nova tecnologia tenha um grande impacto. “O sonho é ser capaz de ajudar a pesquisa que busca identificar assinaturas do câncer conforme elas mudam ao longo do tempo, para intervir cedo o suficiente e fazer algo sobre a doença”, diz. [Wired]