Cientistas da Universidade Purdue e do Laboratório Nacional Argonne (EUA) desenvolveram um novo material quântico que pode um dia transferir informações diretamente de cérebros humanos para um computador.
A pesquisa ainda está nos estágios iniciais, mas invoca ideias como o “upload cerebral” para um armazenamento em nuvem, ou a conexão cérebro-computador para rastrear métricas de saúde, conceitos que até agora existiam apenas na ficção científica.
Primeiros passos
O objetivo dos pesquisadores é criar um material quântico que “pense” como o cérebro, só que mais sensível aos sinais precoces de doenças neurológicas, como a doença de Parkinson.
“A meta é preencher a lacuna entre como a eletrônica pensa, que é via elétrons, e como o cérebro pensa, que é via íons. Este novo material nos ajudou a encontrar uma ponte em potencial”, explicou Hai-Tian Zhang, pós-doutorando em Purdue e principal autor do estudo.
Os pesquisadores testaram o material em duas moléculas: glicose, um açúcar essencial para a produção de energia, e dopamina, um mensageiro químico que regula o movimento, respostas emocionais e memória.
Como as quantidades de dopamina são tipicamente baixas no cérebro, e ainda mais baixas para as pessoas com doença de Parkinson, detectar esse produto químico tem sido notoriamente difícil.
“Este material quântico é cerca de nove vezes mais sensível à dopamina do que os métodos que usamos atualmente em modelos animais”, afirmou Alexander Chubykin, outro pesquisador do estudo, do Instituto Purdue de Neurociência Integrativa.
Os cientistas disseram ainda que esse material pode “sentir” os átomos de uma série de moléculas, além da glicose e da dopamina. O próximo passo é criar uma maneira do material “responder” ao cérebro. Por enquanto, só pode “escutá-lo”.
Baixando…
A longo prazo, o material pode até mesmo nos dar a capacidade de “fazer download” de cérebros.
“Imagine colocar um dispositivo eletrônico no cérebro para que, quando as funções cerebrais naturais começarem a se deteriorar, uma pessoa ainda possa recuperar memórias desse dispositivo”, exemplificou Shriram Ramanathan, professor de engenharia de materiais em Purdue, cujo laboratório é especializado no desenvolvimento de tecnologia inspirada no cérebro.
“Podemos dizer com confiança que este material é um caminho potencial para construir um dispositivo de computação que armazene e transfira memórias”, concluiu.
Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista científica Nature Communications. [Futurism, ScienceBlog]