Uma fêmea de macaco-drill chamada Kumasi deu à luz a um filhote no parque safari Dvůr Králové, na República Tcheca, em agosto de 2020. Infelizmente, o filhote morreu oito dias depois, e a causa da morte permaneceu desconhecida. Kumasi apresentou um comportamento incomum ao carregar o cadáver do filhote por quase dois dias em seu recinto, impedindo os tratadores de removê-lo.
Eventualmente, Kumasi começou a comer sua prole falecida, consumindo a maior parte dos restos antes que o corpo fosse retirado. Esse incidente foi registrado pelos pesquisadores que estudam a tropa de macacos-drill e é considerado um dos casos de canibalismo infantil mais bem documentados até o momento.
O canibalismo infantil é um fenômeno muito raro em primatas, com apenas relatos anecdóticos na literatura científica. Os pesquisadores especulam que as ações de Kumasi podem ser atribuídas ao seu investimento energético reprodutivo, já que o canibalismo pode auxiliar na recuperação de energia após a gestação, potencialmente aumentando suas chances de sucesso reprodutivo futuro. Além disso, o fato de Kumasi não ter compartilhado o cadáver com outros membros do grupo sugere um benefício nutricional apenas para ela.
Casos semelhantes de canibalismo infantil já foram observados em outras espécies de primatas. Em um estudo separado, uma fêmea de macaco-prego-de-cara-branca foi observada comendo os restos de um filhote falecido, o que posteriormente levou ao nascimento de sua própria cria. Isso sugere que o canibalismo pode ser uma estratégia para adquirir nutrientes adicionais para os próprios filhotes da mãe.
A idade do filhote de macaco-drill pode ter influenciado a decisão de Kumasi de consumi-lo. Segundo os pesquisadores, é menos provável que uma forte ligação entre mãe e filhote seja estabelecida em filhotes mais jovens, tornando o canibalismo materno mais provável.
O comportamento da mãe não está, necessariamente, ligado ao ambiente em que a mãe está inserida
Os pesquisadores não acreditam que a captividade dos macacos tenha desempenhado um papel na morte do filhote ou no comportamento canibalístico da mãe. O zoológico supostamente faz esforços para fornecer ambientes envolventes para os animais. Como exemplo, em 2021, os tratadores instalaram uma tela no recinto dos chimpanzés para facilitar as interações virtuais entre os chimpanzés e seus semelhantes em outro zoológico na República Tcheca. Essa iniciativa teve como objetivo compensar a redução das interações sociais causada pela pandemia de COVID-19 e foi bem recebida pelos chimpanzés.
No mundo dos primatas, comportamentos incomuns e surpreendentes podem ocorrer, como o caso chocante de canibalismo infantil envolvendo Kumasi, uma fêmea de macaco-drill em um zoológico europeu. Após o nascimento de seu filhote, a alegria de Kumasi logo se transformou em tragédia quando o pequeno primata faleceu misteriosamente oito dias depois. O que se seguiu foi uma sequência de eventos perturbadores.
Kumasi, em um ato de negação, carregou o corpo inerte de seu filhote por quase dois dias, impedindo os tratadores de removê-lo. Essa atitude intriga os pesquisadores, que especulam que a mãe estava relutante em aceitar a morte de seu filho. No entanto, a situação tomou um rumo ainda mais perturbador quando Kumasi começou a consumir os restos mortais do bebê. Esse comportamento, embora horrível do ponto de vista humano, pode ser uma estratégia adaptativa para recuperar energia após a gestação e aumentar suas chances de sucesso reprodutivo futuro.
Os cientistas envolvidos no estudo enfatizam a raridade desse tipo de canibalismo infantil entre primatas, com relatos limitados na literatura científica. Acompanhar de perto e documentar essa ocorrência trágica oferece valiosos insights sobre o comportamento animal e os desafios enfrentados pelas mães primatas. [LiveScience]