Devido ao excelente desempenho de atletas jamaicanos e afro-americanos nas Olimpíadas de Londres, um antigo mito ressurgiu em rodas de conversa do mundo todo: o de que “negros são, necessariamente, melhores nos esportes”.
Para a socióloga Karen Farquharson, da Universidade de Tecnologia de Swinburne (Austrália), essa ideia é duplamente perniciosa: primeiro, porque de certa forma desmerece o sucesso desses atletas ao sugerir que eles têm uma “vantagem natural”, desvalorizando seu esforço e dedicação; ao mesmo tempo, supervaloriza o bom desempenho de atletas “brancos”, mais improvável e fruto de um trabalho que não conta com “vantagens”.
Depois de muitos anos estudando sociologia de raças e etnias, ela garante: o “talento racial” é um mito, pois não há evidências que o sustentem. “Podem existir diferenças genéticas que são associadas com melhor desempenho em esportes, mas elas não estão ligadas a traços raciais”, aponta em artigo publicado pelo Medical Xpress.
Além disso, a própria ideia de “raça” não tem base genética. “Há muito tempo geneticistas sabem que há maior variação genética dentro dos chamados ‘grupos raciais’ do que entre eles”, diz Farquharson. Ela cita como exemplo o fato de pessoas tão diferentes, como africanos, sul-asiáticos, aborígenes e nativos da Polinésia estarem todos incluídos na categoria de “negros”.
O mito não é perpetuado apenas entre o público em geral, mas entre os próprios atletas, o que pode afetar sua performance: “negros” se recusam a perder para “brancos”, que seriam supostamente menos aptos; “brancos”, por sua vez, podem se sentir em desvantagem e se desencorajar nas competições. “[Esse mito] deve ser desafiado toda vez que ganhar destaque”.[Medical Xpress]